Bola 'Brazuca" está na lista dos itens que contém substâncias tóxicas. (© Daniel Mueller / Greenpeace)
Investigação do Greenpeace revela equipamentos tóxicos para Copa do
Mundo. A Adidas, que produz a bola 'Brazuca', é a empresa que apresenta
maior índice de violações.
Para além de todos os impactos que a realização da Copa do Mundo no
Brasil vem trazendo, estudo do Greenpeace Alemanha aponta agora que,
dentro dos gramados, também há graves problemas.
A pesquisa revelou que produtos da Adidas, Nike e Puma voltados ao
mercado de futebol se mostraram quimicamente tóxicos. Trinta e três
itens, incluindo chuteiras, luvas de goleiro e a ‘Brazuca’, bola oficial
da Copa, tiveram suas substâncias analisadas. A famosa chuteira
‘Predator’, da Adidas, contém quatorze vezes mais substâncias tóxicas do
que o permitido pela própria empresa.
“Marcas como a Adidas fornecem equipamento para alguns dos maiores
times do mundo, e dizem estar proporcionando um lindo jogo. No entanto,
nossas pesquisas revelam que eles estão jogando sujo. Com seus lucros
exorbitantes durante a Copa, pedimos que essas marcas parem de estragar o
futebol e limpem seus produtos”, explica Manfred Santen, coordenador da
campanha de Detox do Greenpeace.
Laboratórios independentes encontraram compostos químicos como os
perfluorados (PFC), nonilfenol (NPE), ftalatos e dimetilformamida (DMF)
em produtos de todas as três empresas, que são largamente consumidos no
mundo. Essas substâncias podem afetar o meio ambiente e influenciar a
cadeia alimentar, além de serem cancerígenas, desregularem o sistema
hormonal e afetarem a reprodução.
Dezessete de vinte e uma chuteiras e metade das luvas de goleiro
testadas apresentaram PFCs particularmente perigosos, com PFOA, que pode
afetar o sistema imunológico e reprodutivo. Atrás da ‘Predator’, a
chuteira ‘Tiempo’, da Nike, contém 5,93 microgramas por m² de PFOA,
nível considerado alarmante. Um par de luvas Adidas ‘Predator’ também
mostra excesso de substâncias tóxicas em relação aos limites propostos
pela empresa.
A bola ‘Brazuca’, por sua vez, é composta por NPEs, uma substância
que, quando em contato com o ambiente, libera nonilfenol, conhecido por
causar a feminilização de peixes machos na Europa e modificar outros
organismos aquáticos. O nonilfenol é proibido nas produções têxteis de
países da União Europeia e nos EUA, mas na China e em outros países,
onde as grandes marcas de roupa estabelecem suas linhas de produção, o
uso é liberado. NPEs também foram encontrados em mais de dois terços das
chuteiras e em metade das luvas, indicando um uso intenso desse
composto químico.
Ftalatos e dimetilformamidas foram detectados em todas as 21
chuteiras. O DMF, usado como solvente em chuteiras manufaturadas, é
classificado como tóxico para reprodução e pode causar lesões se entrar
em contato com a pele.
“Apesar de seus compromissos, a Nike e a Adidas não estão limpando
sua produção de substâncias tóxicas. Em nome das comunidades locais
afetadas pela água contaminada, dos torcedores e dos jogadores, pedimos a
retirada de qualquer composto químico tóxico dos produtos citados e a
publicação de um plano para a erradicação do uso do PFC”, defende
Santen.
Detox
Desde seu lançamento em 2011 pelo Greenpeace, a campanha Detox já convenceu vinte marcas de roupas e acessórios, de luxuosas e pret-à-porter até
esportivas, a se comprometerem com o fim do uso de compostos químicos
tóxicos em suas cadeias de produção até 2020. Enquanto algumas empresas
reconhecem a urgência da situação agindo de acordo com o combinado,
outras como a Adidas e Nike se escondem atrás da papelada e da
‘maquiagem verde’.
Fonte: greenpeace.org.br
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