O Dia Nacional da Mata Atlântica é lembrado nesta terça-feira, 27 de
maio, mas faltam motivos para o bioma celebrar. Em um ano, a área
desmatada subiu quase 2.000 hectares e sobrou apenas 8,5% de mata
original, segundo levantamento feito pela organização não governamental
SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
Foram 24 mil campos de futebol que desapareceram em um ano. Na
comparação entre 2012 e 2013, a derrubada da floresta rica em
biodiversidade cresceu 9%. Desde 2008, o acompanhamento anual do
desmatamento da floresta atlântica não registrava índices tão elevados.
Com mais essa quantidade grande de árvores ceifadas, o que resta
agora da Mata Atlântica equivale a 8,5% da cobertura original deste
bioma, que ocupava, antes do descobrimento, uma extensa área no litoral
do país, desde a região Sul até o Nordeste.
Neste valor estão inclusos apenas os fragmentos florestais com mais
de 100 hectares. Se forem contados os pedaços menores de floresta, o
índice sobe para 12,5%.
O bioma presta importantes serviços ambientais como a produção de
água em quantidade e qualidade, a manutenção da fertilidade do solo, a
regulação do clima, além de proteção de encostas, evitando a erosão.
Em 28 anos, desde que começou o monitoramento detalhado do sumiço da Mata Atlântica, o bioma perdeu uma área igual a 12 vezes o município de São Paulo.
Em 28 anos, desde que começou o monitoramento detalhado do sumiço da Mata Atlântica, o bioma perdeu uma área igual a 12 vezes o município de São Paulo.
“A situação não pode ser considerada boa, ainda mais depois da
entrada em vigor do Código Florestal há dois anos”, afirmou à Folha de
S.Paulo Márcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, em
alusão a lei que define quanto é permitido desmatar em cada bioma.
Divergências sobre a lei
Enquanto os ambientalistas diziam que a lei estava afrouxando o
controle do desmatamento ambiental, o grupo que defendia a lei,
representado por deputados ruralistas, dizia o contrário.
Para eles, a lei, mais simplificada e precisa, facilitará o controle
do desmate em todos os biomas. Na Amazônia, porém, o desmatamento, que
vinha caindo na última década, subiu 28% no último ano analisado, antes
mesmo de a lei ser regulamentada.
“Mas é preciso dizer que eles estão fazendo um esforço grande,
principalmente por causa da atuação do Ministério Público local. E os
índices caíram nos últimos anos”, pondera Hirota. Entre 2012 e 2013, a
derrubada da Mata Atlântica mineira caiu 22%, apesar de ainda ser alta.
Efeito “formiguinha”
Apesar de São Paulo e do Rio de Janeiro aparecerem com bons números
no ranking estadual de desmatamento, existem ressalvas a serem feitas,
segundo Hirota.
Nesses locais, existe o chamado efeito formiguinha. “O desmatamento
começa pequeno e, quando aparece para gente, ele já destruiu uma parte
importante de floresta”.
O mapeamento do desmatamento, feito por satélite, flagra destruições
só acima dos três hectares. “Nesses Estados, como dizem muitos com uma
certa razão, quase tudo já foi destruído”, lamenta a representante da
ONG.
A Mata Atlântica
A Mata Atlântica possui ampla distribuição, pois abrange boa parte do
litoral brasileiro, estendendo-se desde o Rio Grande do Sul até o
Piauí, além dos estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Por
conta dessa distribuição, vivem em seu domínio cerca de 120 milhões de
brasileiros, que geram aproximadamente 70% do PIB do país. Além disso, a
região presta importantes serviços ambientais como a produção de água
em quantidade e qualidade, a manutenção da fertilidade do solo, a
regulação do clima, além de proteção de encostas, evitando a erosão.
Na análise por estado, o levantamento divulgado nesta terça-feira
mostra que Minas Gerais, mais uma vez, é o que mais tem acabado com a
sua vegetação típica da Mata Atlântica.
Fonte: EcoD.
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