A partir do próximo
mês de julho, aproximadamente 500 agentes públicos participarão de uma
operação permanente – e inédita – nas ruas do Rio de Janeiro. Eles vão
multar quem for flagrado jogando lixo no chão. E não importa o tamanho
do resíduo.
Para volumes pequenos, que tenham tamanho igual ou menor ao de uma
lata de cerveja, a multa é de R$ 157. Para resíduos maiores que uma lata
de cerveja e menores que um metro cúbico, o valor sobe para R$ 392. O
que for descartado de forma inadequada com tamanho acima de um metro
cúbico custará ao infrator R$ 980. Em caso de entulho, o valor sobre
para R$ 3 mil.
Depois de quase dois meses de consultas ao Departamento Jurídico da
Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e à Procuradoria do
Município, a Prefeitura chegou à conclusão de que a melhor maneira dessa
nova regra “pegar”, ou seja, de a multa surtir o efeito desejado e
constranger o cidadão a não jogar lixo no chão, era garantir que o valor
estabelecido será pago e que o eventual não pagamento significará uma
enorme dor de cabeça para o infrator.
Vai funcionar assim: cada equipe de fiscais será composta por um
guarda municipal, um policial militar e um agente de limpeza da Comlurb.
Caberá ao guarda municipal levar consigo um computador de mão com
acesso à internet, acoplado a uma impressora. Ao flagrar o lançamento
irregular de lixo no chão, a equipe fará imediatamente a abordagem para
obter o CPF do infrator. Basta o número do CPF para que a multa seja
impressa na hora no local do flagrante. Se o cidadão se recusar a dar o
CPF, será levado pelo policial militar até a delegacia mais próxima como
já acontece com quem é flagrado fazendo xixi na rua.
Quem for multado tem o direito de recorrer. Se ainda assim for
considerado culpado e decidir não pagar a multa, terá o título
protestado pela Prefeitura. Ou seja, ficará com o nome “sujo” na praça e
poderá ter dificuldades para pedir empréstimos ou fazer compras a
prazo.
É possível que alguém considere exageradas estas medidas. Mas
exagerado é o volume de lixo abandonado no lugar errado no Rio. Apenas
no ano passado, foram recolhidas das ruas, praias, encostas e outros
lugares onde não deveria haver lixo nenhum mais de 1,2 milhão de
toneladas de resíduos. O equivalente a três Maracanãs repletos de lixo.
A eventual falta de lixeiras por perto não deveria servir de
desculpa, pois que em várias cidades do mundo elas também não são fáceis
de encontrar (no Japão há cidades em que elas são raríssimas) e nem por
isso há sujeira nas ruas. Nessas cidades, o cidadão reconhece a parte
que lhe cabe em relação ao lixo que gera, e não se importa de
transportar consigo o resíduo até que seja possível descartá-lo de forma
segura.
Apenas para dar um exemplo da situação limite a que o Rio chegou: na
Avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas da cidade, existem 100
cestas coletoras de cor abóbora, daquelas que chamam a atenção de longe.
Ainda assim, são abandonados no chão 580 quilos de lixo por dia. Uma
equipe de 16 garis é obrigada a varrer as calçadas da Rio Branco quatro
vezes por dia.
O mesmo acontece em outras importantes vias públicas da cidade como a
Avenida Nossa Senhora de Copacabana (4 toneladas/dia), Rua Coronel
Agostinho, em Campo Grande (1,5 tonelada /dia), Avenida Presidente
Vargas (780 kg/dia) e Estrada do Portela (435 kg/dia).
O que passa despercebido pela maioria das pessoas que jogam sem
cerimônia seus resíduos no chão é que esse simples gesto tem um impacto
importante sobre o orçamento do município. Apenas no ano passado, foram
gastos R$ 600 milhões com toda a logística que envolve a limpeza das
calçadas e a retirada de lixo das praias. Se fosse possível reduzir em
apenas 15% o volume de lixo despejado no lugar errado, o dinheiro
economizado seria suficiente para construir , segundo cálculos da
própria Comlurb, 1.184 casas populares, 30 Clínicas da Família ou 22
creches modernas como são os espaços de desenvolvimento infantil (EDIS).
Sem a colaboração cidadã de parte expressiva dos moradores da cidade,
a Comlurb vem demandando cada vez mais recursos públicos. O orçamento
de R$ 1,2 bilhão já é o quinto maior do município. Um absurdo,
considerando que o crescimento dos gastos ocorre em grande parte por
displicência de quem suja a cidade.
E vem sujando cada vez mais.
O ano de 2013 já começou com um novo recorde em sujeira nas praias.
768 toneladas de lixo foram recolhidas das areias, um aumento de 19% em
relação ao ano passado. Depois veio o carnaval, e no embalo dos blocos,
mais um recorde de sujeira. 1120 toneladas de lixo, um crescimento de
12% em relação ao ano anterior. Para completar a situação, o Rio de
Janeiro foi escolhido em fevereiro a nona cidade mais suja do mundo,
numa lista de 40 dos mais importantes destinos turísticos do planeta.
Vexame internacional.
A aplicação de multas não resolve o problema, mas pode inibir
bastante a recorrência deste lançamento indiscriminado de resíduos no
lugar errado. Tal como aconteceu quando se decidiu aplicar multas mais
salgadas nos motoristas que fossem flagrados sem o cinto de segurança,
ou mais recentemente nos condutores embriagados, há um efeito didático
poderoso quando o que está em jogo é o risco de prejuízo financeiro.
Se o bolso continua sendo a parte mais sensível do ser humano, é por
aí que se deve buscar a “consciência” do cidadão em favor de uma
sociedade melhor e mais justa.
André Trigueiro é jornalista com pós-graduação
em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina
geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo
Ambiental da PUC-RJ, autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço
na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um
dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e
Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro,
pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor
chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também
comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de
Janeiro.
Fonte:Mundo Sustentável.
CEPRO – Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura
em Rio das Ostras.
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Um comentário:
Estou de acordo com essa lei.É realmete uma falta de repeito com o proximo e com o meio ambiente!!! O que eu gostaria que a prefeitura de Rio das Ostras colocasse em atençao, um lugar adequado para se deixar lixo no bairro NOVA ESPERANÇA...POIS ME MUDEI AGORA POUCO E PERGUNTEI PRA UMA MORADORA ONDE SE COLOCAVA LIXO E ELA ME DISSE*NA CALÇADA MESMO!*QUANDO CHOVE FICA UM ABANDONO TOTAL ATRAPALHANDO ASSIM O TRABALHO DOS CAMINHOES DE LIXO! acho que o ideal seria colocar em cada final de rua uma cesta alta que nao alcançasse o chao. ficaria grata pela atençao se fosse tomada obg! Ana Claudia email anaclaudia_silva88@hotmail.com.br
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