da Agência Brasil
As funcionárias da Caixa Econômica Federal anualmente
fazem exames de mamografia pagos pelo banco, que também instituiu um
programa de equivalência de gênero em cargos de gestão e uma ouvidoria
para casos de discriminação contra as mulheres no ambiente de trabalho. A
empresa foi uma das cerca de 60 instituições públicas e privadas que
receberam da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) o selo do
Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça de reconhecimento por
implementarem ações voltadas para a promoção da equidade de gênero e
raça no ambiente de trabalho.
A iniciativa, destinada a empresas de médio e grande porte, reúne
experiências voltadas para deixar o trabalho mais igualitário ou
diminuir a dupla jornada de trabalho enfrentada pelas mulheres. Durante a
premiação, nesta quinta-feira (25), a ministra da Secretaria de
Políticas para Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, fez um balanço das
ações implementadas pelas empresas que coíbem discriminações e citou a
elaboração de planos de carreira, criação de ouvidorias e o incentivo ao
compartilhamento dos afazeres domésticos
“As discriminações no mundo do trabalho nem sempre são percebidas e
demandam ações específicas para a mudança”, disse Eleonora. “A conquista
da autonomia e da igualdade entre mulheres e homens é fator primordial
para o desenvolvimento econômico do país”. O selo que poderá ser usado
nos materiais de publicidade das empresas atestando o compromisso com a
não discriminação de gênero e etnia. Elas executaram ao menos 70% das
ações pactuadas e obtiveram um desempenho considerado satisfatório ou
muito satisfatório.
“As grandes empresas têm muita influência sobre os seus parceiros em
geral, sejam fornecedores ou prestadores de serviço e podem contribuir
com a mudança de mentalidade”, disse Rebecca Marques, diretora regional
da ONU Mulheres, órgão das Nações Unidas criado em 2010 e voltado para a
promoção da igualdade de gênero.
A desigualdade entre homens e mulheres pode ser percebida na
remuneração. Mesmo sendo mais escolarizadas, as mulheres ganham menos.
Segundo dados do Censo de 2010, na faixa etária de 25 anos ou mais, o
percentual de homens com pelo menos o nível superior foi 9,9% e das
mulheres, 12,5% e a taxa de abandono escolar precoce é maior entre os
homens (41,1%) do que entre as mulheres (31,9%), entretanto o rendimento
feminino corresponde a 73,8% do masculino.
“Apesar de termos avançado nos últimos anos, a desigualdade salarial
ainda é um desafio que persiste e precisa ser enfrentado”, disse a
ministra Gleisi Hoffmann, que falou sobre a sua experiência enquanto
diretora da Usina de Itaipu, uma das primeiras empresas a participar do
programa.
A desigualdade é maior quando envolve o recorte de etnia. Dados da
pesquisa Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça, feita pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2011, mostram que, em 2009,
uma trabalhadora negra ganhava em média R$ 364,80, uma renda inferior a
de uma trabalhadora branca, em torno de R$ 421,60. Em função dessa
realidade, o recorte racial foi incluído entre as iniciativas premiadas
pelo selo.
“O reconhecimento não é só um elemento simbólico, ele tem a
capacidade de gerar mudanças na vida das pessoas e nas mentalidades
corporativas, o que pode resultar em maior empoderamento das mulheres,
especialmente as mulheres negras”, disse a ministra Luiza Bairros ao
elogiar a iniciativa.
De acordo com a SPM, as diferenças entre homens e mulheres são mais
evidentes nos níveis mais altos de chefia onde, para cada mulher no
comando, há seis homens. Além disso, as mulheres ainda encontram piores
condições de trabalho, salários mais baixos e sofrem com o acúmulo de
tarefas em função da dupla jornada.
“O programa contribui com a missão de promover a justiça social e a
corresponsabilidade dos homens nas tarefas domésticas”, disse a oficial
de Projetos do Programa de Igualdade de Gênero e Raça da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Ana Carolina Querino. “O princípio da
corresponsabilidade na divisão de tarefas entre mulheres e homens também
é uma responsabilidade dos estado e das empresas”.
A lista das empresas que receberam a premiação pode ser acessada na página da secretaria
de Políticas para as Mulheres (SPM). Entre as ações implementadas
estão: instalação de salas de aleitamento, ampliação das licenças
maternidade e paternidade, adoção de linguagem inclusiva nos crachás e
contracheques, adaptação de uniformes e equipamentos de proteção
individual, estímulo nos contratos de trabalho da empresa inclusive com
terceirizados à equidade de gênero, raça e etnia, inclusão nos editais
de concursos públicos dos temas equidade de gênero e diversidade entre
os conteúdos programáticos, concessão aos pais do direito de trabalhar
30 horas semanais em caso de filhas ou filhos com deficiência física ou
mental.
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