Relatório afirma que a imensa maioria das políticas para o
suprimento de alimentos são destinadas a aumentar a produção nas zonas
rurais e que os pobres em áreas urbanas estão tendo cada vez mais
dificuldade para comprar comida.
Segundo o Banco Mundial, os preços dos alimentos estão muito perto de
seu pico máximo histórico, o que para as pessoas mais pobres, que
gastam boa parte de seu orçamento em comida, significa que está bastante
pesado manter sua família bem nutrida. Muitas políticas internacionais e
nacionais já existem para tentar minimizar esse problema, mas para o
Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED)
elas falham porque estão muito concentradas em apenas aumentar a
produção e não em como trazer esses alimentos de forma mais barata para
os habitantes das cidades.
“A segurança alimentar está de volta à agenda graças ao aumento dos
preços e a ameaça que as mudanças climáticas representam para a produção
agrícola. Mas políticas focadas apenas na produção rural não resolverão
o problema de insegurança alimentar nas áreas urbanas. Precisamos de
políticas que melhorem as condições de acesso à comida das pessoas mais
pobres, especialmente nas cidades”, afirmou Cecilia Tacoli, autora do
novo relatório do IIED sobre o tema.
O documento destaca a relação entre a baixa renda das comunidades com
a segurança alimentar. Como a compra de comida já ocupa boa parte do
orçamento, qualquer aumento de preço é imediatamente sentido. Assim,
qualquer interrupção na produção, transporte ou armazenamento de
alimentos, seja causada pelo clima ou não, tem um grande impacto na
qualidade de vida das bilhões de pessoas que vivem nos bolsões de
pobreza das cidades.
“A jornada que a comida faz desde o produtor rural até o consumidor
urbano envolve muitos passos. Ela precisa percorrer sistemas formais e
informais para ser distribuída, armazenada e vendida. Cada um desses
passos é um ponto de vulnerabilidade diante das mudanças climáticas.
Para os consumidores, isso significa aumentos súbitos de preços”,
explicou Tacoli.
Segundo o relatório, comunidades urbanas carentes também sofrem com a
falta de espaço e condições apropriadas para armazenar comida, o que
faz com que o pouco que conseguem comprar acabe se estragando
rapidamente. Assim, é praticamente impossível pensar atualmente em
políticas de alertas sobre secas e enchentes com o objetivo de fazer
essas pessoas estocarem alimentos.
Para piorar, as áreas pobres das grandes cidades são justamente
localizadas nas regiões mais vulneráveis climaticamente, como encostas
de morros. Dessa forma, é comum que as pessoas percam tudo a cada novo
evento extremo e fiquem cada vez mais sem acesso à alimentação.
O relatório recomenda que os governos encarem esses desafios e criem
políticas que protejam os mais pobres das áreas urbanas da insegurança
alimentar. Investir em infraestrutura e dar acesso a todos aos mercados
formais de venda de alimentos seriam as principais medidas a serem
feitas.
“As mudanças climáticas podem exacerbar os desafios enfrentados pelos
mais pobres nas nossas cidades. Legisladores precisam tem um melhor
entendimento do que significa ser pobre em uma centro urbano”, concluiu
Tacoli.
Leia o relatório: Urban poverty, food security and climate change
Fonte: CarbonoBrasil.
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