O Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril, foi marcado por
um momento difícil. É que pelo terceiro ano consecutivo, o período de
estiagem (mais conhecido como seca) segue prolongado. Quem afirma é
Ariagildo Vieira, coordenador de projetos da ONG Caatinga. A realidade
acentua os desafios da população do semiárido, que abrange os estados de
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais.
Para auxiliar a população a vencer os problemas do dia a dia, a ONG
desenvolve projetos de agroecologia e instrui as famílias agricultoras a
cultivar de maneira mais sustentável. “Um exemplo do nosso trabalho é a
implantação de cisternas de 16 mil litros, que servem para o consumo
das famílias do semiárido [beber e cozinhar], e de 52 mil litros, que
são para produzir alimento e cultivar a agricultura durante a estiagem”,
explica Vieira.
De acordo com o coordenador da organização, as famílias que moram
nesses locais precisam de mais atenção em períodos de seca. “Ações para
promover a cultura de estoque de água, de grãos, a implantação de bancos
de proteínas são alguns exemplos de tecnologias que devem ser
oferecidas para que a população possa desenvolver atividades para a
geração de renda”, afirma Vieira. Ele também indica a recuperação das
áreas degradadas, sobretudo perto de riachos e rios, como um ponto
importante para que o solo tenha boas condições de cultivo.
Fertilidade da caatinga
O bioma exclusivamente brasileiro, cuja área equivale a 11% do
território nacional, possui um solo fértil. O diretor de agricultura da
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda), João Bosco Ramalho,
explicou que a fertilidade das terras do bioma se dá porque o solo é
mais novo e raso. Além disso, as plantas da caatinga, classificadas como
caducifólias, realizam fotossíntese durante o período de chuva e
eliminam matéria orgânica, que é transformada em nutrientes que cobrem o
solo e o protege durante a seca.
Ramalho aponta o Programa Quintais Agroflorestais como uma boa opção
para os agricultores. Segundo ele, o projeto governamental busca, por
meio da educação continuada e implementação das áreas produtivas, o
cultivo de alimentos e o enfrentamento das intempéries climáticas para
garantir a segurança alimentar e a geração de renda para a população do
semiárido.
“As famílias agricultoras precisam respeitar a natureza. É necessário
proteger o solo, cobri-lo com os nutrientes necessários, forrá-lo com
sementes de feijão de porco ou de corda e mucuna preta, por exemplo,
para que ele resista ao período de estiagem e evite a evaporação”, frisa
Ramalho.
Fonte: EcoD.
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