Duas amigas – uma brasileira e uma chilena – começaram a perceber a
infinidade de brinquedos que poderiam criar usando o lixo que
encontravam em São Paulo. A inquietação deu vida ao TooDo Eco,
uma startup que desenvolve uma metodologia de educação ambiental na
qual as crianças montam brinquedos feitos com materiais reaproveitáveis
para estimular aspectos como hábitos sustentáveis, curiosidade, trabalho
em equipe, aprendizagem na prática. Tudo de forma multidisciplinar,
passando por conteúdos que vão desde a origem dos materiais, noções
básicas sobre movimento até geometria. Depois de realizar algumas
oficinas em colégios do Chile e São Paulo, agora as amigas querem
expandir a iniciativa. Para isso, desenvolveram o projeto piloto Mãos
Criativas, Cabeça Inteligente, que pretende adotar a metodologia com
alunos do 4o, 5o e 6o ano do ensino fundamental de três escolas públicas
da capital. A iniciativa, inclusive, está inscrita na plataforma de
financiamento coletivo Catarse.
“Estamos levando a metodologia para escolas democráticas, já que
nelas as crianças têm autonomia e compartilham processos de aprendizado
por meio de projetos baseados em forma multidisciplinar”, afirma a
chilena Daniela del Campo Munnich, cofundadora da TooDo Eco, que é
também uma das oito selecionadas dentre mais de 70 inscritos para fazer
um pitch e apresentar seus negócios durante a sessão Debate entre
Empreendedores, Investidores e Especialistas no Transformar 2013 (veja a
lista das vencedoras). O evento, realizado pelo Inspirare e Porvir, em
parceria com a Fundação Lemann, acontece no dia 4 de abril em São Paulo,
e pretende oferecer novas referências e apoiar a sociedade brasileira a
continuar avançando no esforço de trazer a educação do país para o
século 21.
Nessas escolas, Daniela – ao lado da cofundadora e artista plástica
paulista Naná Lavander – se junta aos professores para ensinar os alunos
a construir os brinquedos – feitos de garrafas PET, tampinhas, CDs,
papéis, papelão, palitos de dente, tubos de caneta, entre outros – e
trabalhar conteúdos como a geração de lixo, força centrífuga, geometria,
a história da roda, entre outros. Duas das três escolas já foram
escolhidas para realizar o projeto, que vai durar quatro meses: o
Projeto Âncora, em Cotia, e a escola municipal Amorim Lima, no Butantã,
zona oeste de SP. A terceira ainda está sendo selecionada.
De acordo com Daniela, essa metodologia permite que crianças realizem
pesquisas, uma vez que ao longo do processo de criação dos brinquedos
se deparem, naturalmente, com dúvidas e perguntas, como ‘Por que as
pessoas vomitam enquanto giram?`. Essa inquietação, por exemplo, poderia
surgir depois da fabricação do brinquedo Chap-Mex – que se assemelha a
um chapéu mexicano e ao brinquedo “guarda-chuva”, dos parques de
diversões, que gira cadeiras em círculos.
Álbum de figurinhas
Depois da experiência nas escolas, por meio dos roteiros,
personagens, histórias e conteúdos, o intuito ainda é que as fundadoras
da startup, alunos e professores criem um “álbum de figurinhas” – uma
espécie de cartilha dividida em quatro capítulos, com temas sobre lixo e
reciclagem. Nele, conterão conteúdos relacionados à origem dos
materiais, montagem dos brinquedos e noções básicas sobre movimento,
além de ilustrações, perguntas e manuais de instruções. Também serão
criados vídeos tutoriais, kits de brinquedos e, em conjunto com os
educadores, um guia virtual como apoio para que outros professores
possam replicar a metodologia em suas escolas.
Já em uma segunda fase do projeto, as
amigas pretendem inclusive integrar a rede de economia solidária
crescente no Brasil, criando ateliês dentro das cooperativas de
catadores de SP e de outras cidades. A ideia é que esses empreendedores
montem os brinquedos para distribuir nas escolas e comércios da região.
Hoje, os brinquedos criados por elas estão em 13 lojas de brinquedos
educativos da capital. “Nosso objetivo é que em cada coleta dos
materiais seja realizada uma microrrevolução, desde campanhas com os
vizinhos e amigos até botecos e associações de catadores”, afirma
Daniela que espera arrecadar R$ 30 mil, necessários para expandir o
projeto nas escolas paulistas.
Fonte: O Porvir.
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