da Agência Brasil
Era uma vez... É assim que tudo começa. São três palavras
simples, mas quando estão juntas abrem as portas para um mundo novo,
imprevisível. O primeiro “era uma vez” de uma criança normalmente é
seguido de outros tantos. É uma viagem sem volta. E realmente desse
mundo fantástico ninguém quer voltar.
O contato com livros infantis não tem idade mínima nem
contraindicação. Estimula a criatividade e mostra um infinito de
possibilidades, não só na imaginação. “Os livros de hoje incluem
textura, relevo e o livro trabalha essa questão sensorial. Hoje, as
crianças têm muito mais oportunidades de serem estimuladas. Em um livro
você trabalha visão, tato e noção de profundidade em crianças muito
pequenas”, explica o neuropediatra Christian Müller.
Mas o livro não é apenas para crianças que já sabem ler. Essa
relação pode começar muito antes, com benefícios que vão muito além da
história. “A construção de interpretação textual, utilizada na escola,
começa na imaginação. E a imaginação é despertada com os livros que os
pais leem para suas crianças. Importante também é o vínculo, que é
estreitado quando os pais leem histórias para seus filhos ”, diz Müller.
Hoje (2), se comemora o Dia internacional do Livro Infantil, para
lembrar que, há 208 anos, nasceu o dinamarquês Hans Christian Andersen.
Muitos não conhecem esse nome, mas certamente não se esquecem de suas
obras: O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia e A Polegarzinha.
A origem humilde do escritor não impediu que criasse histórias que
encantaram gerações por todo o mundo
Na verdade, o contato com
diferentes níveis sociais o ajudou a construir o contraste percebido em
várias de suas narrativas.
O Brasil também tem seu “Hans Andersen”: José Bento Renato Monteiro
Lobato. O dia de seu nascimento, 18 de abril, foi adotado no país como o
Dia Nacional do Livro Infantil. Grande parte das histórias infantis de
Monteiro Lobato é ambientada no Sítio do Picapau Amarelo. O sítio
transporta o leitor para um Brasil rural, simples e inocente. Seus
personagens, muitos deles crianças como os próprios leitores, estimulam a
fantasia e a imaginação em suas aventuras. “De escrever para marmanjos
já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um
mundo”, teria dito o escritor.
Nós adultos, tão aborrecidos e anestesiados pelos afazeres que
desabam sobre nossas costas, muitas vezes esquecemos da época em que
fomos piratas dos sete mares, vivíamos em reinos encantados e
conversávamos com astutos animais. Pobre é a criança que tem pressa de
crescer, porque muitos adultos dariam fortunas para ser como ela por um
dia que fosse.
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