quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Um ano sem nuclear


Hoje o Japão celebra uma data de extrema importância: Um ano sem utilizar energia nuclear. No dia 15 de setembro de 2013 o último reator do país foi desligado. Depois do catastrófico acidente em Fukushima, o país que por meio século foi um dos maiores produtores de energia nuclear no mundo, passou a apostar numa matriz energética renovável, comprovando que é possível gerar energia limpa e estar livre do risco irremediável que os reatores oferecem.

Mesmo que exista uma forte corrente no governo japonês contra energias renováveis, o país passou a se adaptar a novos recursos e se tornou o segundo maior mercado de painéis solares do mundo. Cerca de 23.000 painéis são instalados mensalmente nos telhados de casas japonesas. Além disso, as indústrias e os cidadãos se comprometeram a reduzir a quantidade de energia consumida pelo país, com economia equivalente a 13 reatores nucleares.

“Essa marca conquistada pelo Japão deixa claro que a população japonesa esta disposta a lutar por um país mais seguro e sustentável. Só falta o governo entrar nessa batalha”, afirma Hisayo Takada, coordenador da campanha de Energia do Greenpeace Japão.

Ao contrário do Japão, o Brasil se mostra cada vez mais atrasado em relação ao fim do uso de energia nuclear. Mesmo com enorme potencial para produzir energias renováveis, o país insiste no uso de fontes poluentes como nuclear e termoelétricas.  

Recentemente o governo anunciou o Plano de Expansão Decenal de Energia que prevê os rumos energéticos do país para a próxima década. Para variar, continua faltando ambição do governo. Apenas 9,2% dos investimentos serão destinados para as renováveis e para piorar a situação, o governo conta com a conclusão da usina nuclear de Angra 3 em 2018.

Projetada inicialmente para custar R$ 7 bilhões, Angra 3 já teve seu valor de construção atualizado para R$13 bilhões, tudo isso para, quem sabe, começar a operar em 2018.

O futuro de Angra 1 e Angra 2 também não é lá muito promissor: as usinas correm o risco de serem desligadas porque seus depósitos estão quase completamente saturados de lixo radioativo, segundo reportagem publicada no GLOBO em junho de 2014.

“Poderíamos abrir mão dos planos nucleares se explorássemos uma pequena parcela do potencial de energia solar do país. Já temos a legislação que permite a microgeração residencial, mas precisamos de linhas de crédito com condições mais adequadas. A capacidade instalada nas usinas de Angra 1 e 2 poderia ser substituída pela instalação de painéis solares em um milhão de residências brasileiras”, completa Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e energia do Greenpeace Brasil. 

Fonte: greenpeace.org.br


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