Quase todos os problemas do Nordeste brasileiro são atribuídos às
adversidades climáticas, à ausência ou à escassez das chuvas, conforme
os meios de comunicação informaram recentemente com a visualização de um
período com poucas chuvas ou ocorrência de uma seca no corrente ano.
Não se podem negar os graves impactos sociais, econômicos, ambientais e
psicológicos causados pela seca. Quando ela ocorre, os nordestinos
observam impotentes suas lavouras morrerem, seu gado definhar, os rios e
açudes secarem, ocasião em sua “tragédia” é exibida em vários meios de
comunicação para todo o Brasil e para outros países.
Na ocasião, os poderes públicos, então, se manifestam anunciando, nos
mesmos órgãos de imprensa, medidas que serão tomadas para combater a
carência de água, projetos que serão executados a médio e longo prazo, e
a liberação de verbas que serão destinadas à distribuição de alimentos,
água, remédios, etc.
E, a cada nova estiagem, a cada nova “calamidade pública” esse
procedimento se repete, mas não soluciona o problema. Na próxima seca
tudo será igual ou pior, dependendo da sua intensidade e duração. A seca
faz parte da história do Nordeste brasileiro. Tem sido registrada desde
o século XVIII, porém, durante e a partir do Brasil Império, entre 1877
e 1899, ocorreram dezenas de grandes estiagens.
Não podemos esquecer que a tecnologia evoluiu e muito. Se no século
XIX era apenas possível apenas registrar o fato, hoje temos modelos
climáticos –feitos nos computadores- que simulam as situações
climáticas, porém são imperfeitos ainda devidos não termos conhecimento
de toda a física e química da atmosfera. O que observamos é um aumento
de eventos extremos de clima no Planeta, inundações e secas em algumas
regiões, e que podem ou não ser associados a mudanças climáticas
globais. Temos a entender que os fenômenos naturais (inundações e secas)
que estão ocorrendo atualmente surgem independentes da vontade dos
homens, mas por si só não justificam todo o peso que a eles é atribuído.
Por outro lado, são as condições econômicas e políticas que determinam a
maior ou menor intensidade do flagelo social, ambiental e psicológico
provocado pela seca.
A seca existe sim. A pobreza no Nordeste brasileiro também. Mas não é
possível estabelecer uma relação direta ou correlação entre seca e
pobreza. E, a seca apenas acentua uma situação historicamente criada e
que deve ser analisada através da estrutura política e socioeconômica
vigente na região nordestina.
Francisco Parente de Carvalho é engenheiro agrônomo e hidrólogo.
Fonte: jornal O Povo.
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