Para David Baker, as escolas tem que preparar o aluno para o mundo e não para terem bons resultados em avaliações.
O professor em um papel que extrapola o de transmissor de
informações, como aquele que molda o caráter, que estimula valores e
prepara os estudantes para a vida pós escola. É assim que o escritor
britânico David Baker enxerga a função dos educadores. “Eles precisam
fazer os alunos se sentirem pessoas completas, prontas e confiantes para
encarar o mundo”. Defende que a escola tem que preparar os alunos para a
vida e não para exames, que conteúdos pedagógicos são apenas uma parte
da educação e que a tecnologia não deve ter grande espaço na formação
dos jovens.
Baker é um dos membros da School of Life, ou Escola da Vida,
instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas
relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão (já falamos
sobre a escola aqui). Baker acredita que educação não deve se preocupar
em melhorar habilidades, que o mais importante é instigar o
desenvolvimento dos alunos enquanto indivíduos. “O que deve ser
estimulado é o crescimento dos alunos enquanto ser humano, como se
desenvolvem em termos de resiliência, confiança, como lidam com
ansiedade e pressão, por exemplo”. Para o escritor, quando os jovens
aprendem a lidar com suas emoções, eles também aprendem a lidar melhor
com o outro, o que melhora as relações interpessoais.
Ele usa esse mesmo argumento para criticar o uso de tecnologias na
educação. Segundo ele, os recursos tecnológicos estão criando barreiras
entre as pessoas. “O que está acontecendo agora com a disseminação dos
Moocs Glossário compartilhado de termos de inovação em educação sugere
que a melhor educação pode chegar a qualquer pessoa. E tenho problemas
com isso. Não quero negar o acesso de qualquer interessado em assistir
aulas de Stanford, mas a educação é uma via de mão dupla, é algo que
deve ser feito com comunicação humana, física e real, deve desenvolver
uma relação entre professores e alunos e não apenas fomentar a troca de
informações”, argumenta Baker que esteve esta semana no Brasil para
participar do Ria Festival, evento de cultura digital promovido pela
Fundação Telefônica.
O escritor faz uma comparação entre os cursos on-line com livros,
dizendo que ambos são excelentes fontes de conteúdo, mas que não
substituem a interação humana. “Esses grandes programas on-line estão
entregando informações interessantes, mas não tenho certeza se eles
estão entregando educação. Porque educação é sobre a capacidade de
aprender e descobrir, nesse sentido os cursos on-line são mais como os
livros”.
Baker também critica o que, segundo ele, está acontecendo tanto na
Inglaterra, quanto em outros países como o Brasil, por exemplo, que é a
escola priorizar o bom desempenho dos alunos em exames de avaliação e
não na metodologia de ensino.
“Essa postura está determinando como os professores são julgados.
Muitos estão, com razão, reclamando por serem analisados pelos
resultados dos alunos em testes, pois assim, eles acabam direcionando
toda sua prática pedagógica para os alunos terem boas notas”, conta.
Para o britânico, quando isso acontece o professor deixa de cumprir
sua principal função, que é a de estimular o aluno a cultivar valores e
habilidades para se formar por completo e encarar o mundo pós escola.
“Não basta professores e alunos estarem no mesmo espaço físico se o foco
do aprendizado não for a educação para a vida”.
Fonte:Porvir.
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