Manifestação cultural típica do estado do Pará e da Região Amazônica,
o carimbó (dança de origem indígena) foi reconhecido hoje (11) como
patrimônio cultural imaterial do Brasil, em votação unânime do Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural. A dança, executada ao som de
instrumentos artesanais, por mulheres com saias rodadas e floridas e
homens com camisas coloridas, passa a ter maior apoio do Estado para
preservar a tradição.O pedido de inscrição do carimbó no Livro de
Registro das Formas de Expressão foi feito por diferentes grupos, e
entre 2008 e 2013 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) conduziu o processo e acompanhou as pesquisas para
identificação do carimbó em diversas regiões do Pará.
Com décadas
de dedicação, de modo a manter vivo o carimbó, o Mestre Manoel, do
Grupo Uirapuru, de Marapanim (PA), avaliou que o reconhecimento vai
assegurar mais apoio à manifestação cultural, e abre a possibilidade de
elaboração de políticas públicas. “Foi uma luta de nove anos; uma luta
sólida. Esta cultura vem de muitos anos, de nossos antepassados, de
nossos irmãos índios. Herdamos a terra e temos que levar à frente essa
manifestação, repassando para nossos filhos e netos, e para isso temos
que trabalhar com políticas públicas”, disse ele.
A presidenta do
Iphan, Jurema Machado, explicou que o registro do carimbó como
patrimônio cultural do Brasil amplia a visibilidade pública sobre este
bem imaterial. “Significa o reconhecimento de uma tradição e prática
cultural", segundo ela, e "o Estado, junto com os detetores desta
prática, é agora um parceiro na manutenção, na salvaguarda e na
vitalidade deste bem”.
O carimbó, com seus instrumentos, dança e
música, é resultado da fusão de influências das culturas indígena e
negra. Além da parte cultural, uma característica importante do carimbó é
a forma de organização e reprodução social que reúne carimbozeiros nas
atividades do dia a dia e celebrações religiosas.
A ministra da
Cultura, Marta Suplicy, encontrava-se em Belém, e de lá acompanhou, por
meio de videoconferência, a votação do Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural. Na presença de dançarinas e grupos de carimbó, a ministra
destacou que, com o reconhecimento, o carimbó passa a ser patrimônio
perene. “Quando se tem uma expressão cultural deste porte, e não há
chancela do Estado, ela tende a desaparecer ao longo dos anos”,
explicou.
CEPRO –
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