Em 2012, 24 milhões de toneladas foram
descartadas inadequadamente. Geração de lixo por pessoa aumentou de 955g
por dia para 1,223 kg.
Boa parte do lixo produzido no Brasil termina em lugares inadequados.
É o que revela uma pesquisa divulgada, com exclusividade, pela coluna
Sustentável.
Na última década, 40 milhões de brasileiros ascenderam socialmente.
Essa nova classe média passou a consumir mais, e quem consome mais gera
mais lixo.
Nos últimos dez anos, a população do Brasil aumentou 9,65%. No mesmo
período, o volume de lixo cresceu mais do que o dobro disso, 21%. É mais
consumo, gerando mais lixo, que nem sempre vai para o lugar certo.
Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais), apenas no ano passado, foram descartados
24 milhões de toneladas de resíduos em lugares inadequados. Isso seria
suficiente para encher 168 estádios de futebol do tamanho do Maracanã.
O Nordeste é a região que tem o maior volume de resíduos descartados em lugares impróprios.
No lixão de Itabuna, no sul da Bahia, por exemplo, diariamente, toneladas de lixo são despejadas sem nenhum tratamento.
No lixão de Itabuna, no sul da Bahia, por exemplo, diariamente, toneladas de lixo são despejadas sem nenhum tratamento.
“Nós temos no Brasil hoje, ainda, mais de 3 mil municípios que fazem
uso dessas formas de destinação inadequadas. É muita coisa ainda para
ser arrumada no país”, diz Carlos Silva Filho, diretor-executivo da
Abrelpe.
Em dez anos, de 2003 a 2012, a geração de lixo por pessoa aumentou de
955g por dia para 1,223 kg. Foi o que aconteceu na casa de Jeferson e
Denise, no subúrbio do Rio de Janeiro. O aumento da renda mudou também o
lixo. “Embalagem de iogurte, embalagem de leite, enlatado, leite em
caixa. Nós dois trabalhamos fora, e, no final de semana. estamos sempre
pedindo comida por telefone“, diz o empresário Jeferson Rodrigues.
Para José Gustavo Feres, economista do IPEA, é um retrato do que
acontece em todo o país. “As pessoas com mais renda consomem mais
eletroeletrônicos, consomem mais embalagens plásticas, e este tipo de
resíduo tem impacto ambiental maior até do que os resíduos orgânicos”,
afirma.
Até 2014, a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que os
lixões devem ser erradicados e substituídos por aterros sanitários. A
diretora do Ministério do Meio Ambiente diz que esse prazo será mantido.
“O governo têm colocado recursos por parte do Governo Federal e têm
incentivado as prefeituras a se engajarem nessa ideia de fazer a gestão
integrada dos resíduos sólidos urbanos”, afirma Zilda Veloso, diretora
do Ministério do Meio Ambiente.
O coordenador da pesquisa da Abrelpe diz que o desafio é grande. “Nós
tivemos um aumento na geração e não tivemos o correspondente na
destinação, ou seja, o país evoluiu economicamente, mas não evoluiu
ambientalmente”, diz Silva.
André Trigueiro é jornalista com pós-graduação
em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina
geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo
Ambiental da PUC-RJ, autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço
na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um
dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e
Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro,
pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor
chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também
comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de
Janeiro.
Fonte: Mundo Sustentável
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