Participantes do grupo C40 como Rio de Janeiro, São Paulo, Bogotá
e Madri desenvolvem estratégias de carros e ônibus elétricos e híbridos
para reduzir emissões de dióxido de carbono e diminuir poluição das
cidades.
O que as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Bogotá, Santiago do
Chile e Madri têm em comum? Além de serem grandes cidades conhecidas
mundialmente por suas oportunidades profissionais e variedade turística,
elas agora também compartilham iniciativas que buscam tornar o
transporte mais sustentável, mitigando as emissões de CO2 e a poluição.
Os projetos desenvolvidos por essas cidades fazem parte de ações do
C40, grupo de grandes cidades mundiais que discute alternativas para
combater as mudanças climáticas. Atualmente, cerca de 60 cidades
participam do C40, entre elas Cairo (Egito), Pequim (China), Sydney
(Austrália), Berlim (Alemanha), Paris (França), Nova York (EUA) e Buenos
Aires (Argentina). Do Brasil, fazem parte as cidades de Curitiba, Rio
de Janeiro e São Paulo.
Entre as estratégias desenvolvidas pelo grupo estão a construção de
edifícios verdes, a criação de ciclovias e estímulo a meios de
transporte alternativos, desenvolvimento de iniciativas para redução de
emissões e de consumo de eletricidade e água, concepção de projetos de
eficiência energética, gestão de resíduos etc.
Atualmente, alguns dos projetos que mais têm chamado a atenção são os
de transporte sustentável, que visam reduzir as emissões de carbono e
diminuir a poluição das cidades. Um desses é o Programa de Teste de
Ônibus Híbrido e Elétrico (HEBTP), realizado em parceria com Iniciativa
Climática Clinton (CCI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), e que no último mês publicou um relatório com o parecer dos
testes.
Segundo o documento do HEBTP, que avaliou a iniciativa nas cidades
latino-americanas de Bogotá, Rio de Janeiro, Santiago do Chile e São
Paulo, as tecnologias híbridas produzem volumes até 35% menores de
emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e de poluentes, e os ônibus
são cerca de 30% mais eficientes em combustível do que os comuns,
movidos a diesel.
Já os ônibus elétricos não produzem emissões e oferecem uma redução
de 77% no consumo energético em relação ao uso de combustíveis fósseis. O
texto também aponta que a nova tecnologia proporciona a redução de
poluentes e outros problemas relacionados ao transporte público, como
poluição sonora, o que traz não só benefícios ambientais, mas também
sociais.
Além disso, o relatório indica que as tecnologias elétricas e
híbridas são mais baratas em longo prazo. Isso porque apesar de os
custos iniciais de compra dos ônibus de baixo carbono serem altos – 50% a
60% a mais para híbridos e 125% a 150% a mais para elétricos –, os
gastos do ciclo de vida total, calculados para uma projeção de dez anos
de operação, são iguais ou menores do que os valores dos ônibus
convencionais à diesel. Os custos de manutenção de um ônibus elétrico,
por exemplo, são cerca de 50% menores do que os de um convencional.
O documento enfatiza que esses números são excepcionalmente
relevantes se considerarmos que o setor de transporte na América Latina é
o maior emissor de CO2 por consumo energético, e é responsável por 35%
das emissões totais do continente. Os valores são muito maiores do que a
média mundial, na qual a participação desse setor nas emissões fica em
24%.
“Os resultados das provas com ônibus híbridos e elétricos [...]
demonstraram os benefícios econômicos e ambientais da utilização de
veículos limpos. Nossa legislação municipal já exige o uso de 100% de
veículos limpos em 2018 e acabamos de incorporar esses objetivos a nosso
plano de governo. Vamos trabalhar duro para melhorar o transporte
público na cidade”, colocou Fernando Haddad, prefeito de São Paulo.
“Os resultados do HEBTP são muito promissores e vamos continuar
trabalhando com o C40-CCI para demonstrar que se pode criar um caso de
negócios para a introdução dessas tecnologias. O uso das tecnologias
baixas em carbono para os ônibus na cidade do Rio de Janeiro é parte de
uma estratégia global para melhorar a mobilidade da cidade e seu
desempenho em sustentabilidade”, acrescentou Eduardo Paes, prefeito do
Rio de Janeiro.
A análise, entretanto, ressalta que esse não é o primeiro projeto a
tentar implantar ônibus híbridos e elétricos no transporte urbano
público. De acordo com o relatório, “cidades do C40 tais como Chicago,
Curitiba, Londres, México, Nova York, São Francisco, Seattle, Xangai,
Tóquio e Toronto foram pioneiras no uso de ônibus híbridos e estão
colaborando com os fabricantes para que estes entendam suas necessidades
e para melhorar as tecnologias”.
Curitiba, por exemplo, foi pioneira nacional na produção de ônibus
elétricos pra transporte coletivo, e atualmente 30 veículos híbridos
operam na cidade. A operação dos ônibus começou em setembro de 2012, e
atualmente eles percorrem cinco linhas, atendendo mais de 20 mil
passageiros por dia.
Como os ônibus testados pelo HEBTP, os veículos de Curitiba
apresentam redução de 35% no consumo de combustível, 35% menos emissões
de CO2, 80% menos óxido de nitrogênio (80%) e 89% menos fumaça.
E não são apenas os veículos do transporte público que estão ganhando
alternativas mais sustentáveis nos municípios. Em Madri, uma das
cidades mais visitadas por turistas de todo o mundo, a rede de hotéis
NH, conhecida por ser líder em turismo sustentável, criou um acordo com a
Respiro Car Sharing, do ramo de aluguel de carros, para implantar o
serviço de car sharing com veículos elétricos em hotéis da cadeia.
A parceria ampliará um serviço já existente de car sharing
desenvolvido pelas duas empresas desde janeiro. A diferença é que agora
os veículos utilizados serão o modelo Nissan LEAF, o primeiro carro 100%
elétrico fabricado em grande escala.
O car sharing se apresenta como uma alternativa sustentável pois
prevê o compartilhamento de um único veiculo por mais de um usuário.
Segundo a Respiro, cada carro multiusuário supõe a retirada de
circulação de pelo menos 15 veículos privados, reduzindo o impacto na
cidade. Quando o carro é elétrico, os benefícios ambientais seriam ainda
maiores. Além disso, cada usuário, por não possuir um carro,
economizaria uma média de €2 a €5 mil por ano.
“A transição para a mobilidade elétrica demorará mais ou menos, mais
sem dúvida é o futuro da mobilidade no entorno urbano, e a grande
alternativa aos veículos de combustão”, observou Juan Luis Plá de la
Rosa, chefe de departamento de transporte do Instituto para a
Diversificação e Poupança de Energia (IDAE), ao site Ecosectores.
“Após a experiência em Madri esperamos poder transpor o modelo de car
sharing para Barcelona e outras cidades da Espanha, assim como
complementar esse serviço com o do aluguel de bicicletas elétricas de
que já dispõem vários hotéis de nossa cadeia na Europa”, concluiu Hugo
Rovira, diretor geral dos Hotéis NH Espanha.
Fonte: CarbonoBrasil.
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