Quantas pessoas no
mundo inteiro carecem de acesso à eletricidade e aos combustíveis
domésticos seguros? Qual é a parcela de uso de energia renovável em todo
o mundo? O que estamos fazendo para melhorar a eficiência energética?
O Relatório Estrutura de Acompanhamento Global da Energia Sustentável
para Todos, publicado no Fórum de Energia, em Viena (Áustria), no dia
28 de maio, responde a essas perguntas e pode indicar rumos para as
políticas brasileiras, que é o sétimo maior consumidor de energia do
mundo, segundo o documento. O país está atrás da China, EUA, Rússia,
Índia, Japão e Alemanha.
O estudo apresenta dados nacionais e globais, que indicam o tamanho
dos desafios para que os países cumpram os três objetivos da iniciativa
Energia Sustentável para Todos (SE4ALL). São eles: proporcionar acesso
universal à energia moderna, dobrar o uso de energia renovável e
duplicar a taxa de melhoria da eficiência energética – tudo isso até
2030.
Atualmente, no mundo, cerca de 1,2 bilhão de pessoas (quase a
população da Índia) não têm acesso à eletricidade e 2,8 bilhões dependem
da lenha ou de outra fonte de biomassa para combustível doméstico, que
quando estão na fase sólida poluem o ambiente e prejudicam a saúde, o
que contribui para cerca de 4 milhões de mortes prematuras, na maioria
de mulheres e crianças.
O relatório identificou os países de alto impacto que oferecem o
maior potencial de progressos rápidos. Vinte países na Ásia e na África
representam cerca de dois terços de todas as pessoas sem acesso à
eletricidade e três quartos dos usuários de combustíveis domésticos
sólidos. Outros 20 países de alto impacto – entre eles, o Brasil – são
responsáveis por 80% do consumo de energia e deverão liderar o caminho
para duplicar a parcela de fontes renováveis a 36% da mescla global de
energia e dobrar a melhoria da eficiência energética.
Um exemplo de progresso entre esses países é a China: o país mais
populoso do mundo é o maior consumidor de energia, mas está também
liderando o mundo em expansão da energia renovável e na taxa de melhoria
da eficiência energética.
O relatório concluiu que, para o alcance das metas, serão necessárias
medidas políticas, que devem incluir incentivos fiscais, financeiros e
econômicos, fim dos subsídios a combustíveis fósseis e definição do
preço do carbono. A comunidade global também terá de investir em
melhorias energéticas, apontou o documento, que estima os atuais
investimentos em energia: cerca de 409 bilhões de dólares por ano. O
valor deve dobrar para alcançar as três metas.
Segundo o Banco Mundial, seriam necessários entre 600 e 800 bilhões
de dólares adicionais, incluindo pelo menos 45 bilhões de dólares para
expansão da eletricidade, 4,4 bilhões de dólares para combustíveis
destinados à culinária moderna, 394 bilhões para eficiência energética e
174 bilhões para energia renovável.
Qual é o ritmo de expansão do acesso à energia?
Embora 1,7 bilhão de pessoas tenham conseguido acesso à eletricidade
entre 1990 e 2010, a taxa estava ligeiramente à frente com relação ao
crescimento da população (em 1,6 bilhão) no mesmo período. O ritmo dessa
expansão terá que dobrar para atingir a meta de 100% até 2030. Chegar a
esse ponto exigirá um investimento adicional por ano de 45 bilhões de
dólares em acesso, cinco vezes o nível anual.
Do ponto de vista do aquecimento global, no entanto, o custo dessa
expansão é baixo: levar a eletricidade às pessoas aumentaria as emissões
globais de dióxido de carbono em menos de 1%.
SE4ALL e relatório
A Energia Sustentável para Todos, uma coalizão global de governos,
setor privado, sociedade civil e organizações internacionais, pretende
alcançar a meta dobrando o volume de energia renovável na mescla global
de energia, passando da parcela atual de 18% para 36% até o ano limite. A
iniciativa também procura dobrar a taxa de melhoria da eficiência
energética.
O SE4ALL foi lançado em 2011 pelo secretário-geral das Nações Unidas,
Ban Ki-moon, que atualmente preside o conselho consultivo juntamente
com o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim.
A Estrutura de Acompanhamento Global é um marco nesse esforço,
afirmou Rachel Kyte, vice-presidente do Banco Mundial para a área de
Desenvolvimento Sustentável e membro da iniciativa Energia Sustentável
para Todos. “A estrutura oferece parâmetros para cumprir as metas
globais de energia”, afirmou ela. “Todos poderão medir o progresso com
relação a essas informações de base. E sabemos que isso é importante,
porque o que se mede é o que será feito.”
Fonte: EcoD.
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