da Agência Brasil
Milhões de reais destinados à despoluição de rios nas
cidades poderiam ser economizados se os governos tivessem investido
efetivamente no tratamento de esgoto e a sociedade brasileira mudasse
padrões culturais, na avaliação da bióloga Malu Ribeiro, coordenadora da
Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.
O alerta será uma das bandeiras do Encontro Nacional pela Mata
Atlântica, conhecido como Viva a Mata, que ocorrerá às vésperas do Dia
Nacional da Mata Atlântica, em 27 de maio. As palestras e debates da
nona edição do evento, organizado para sensibilizar as pessoas sobre a
importância da floresta, terão como foco os direitos e deveres
ambientais no país.
O encontro começa hoje (24) na Marquise do Parque Ibirapuera, em São
Paulo, com atividades também no Museu de Arte Moderna (MAM). Na
abertura do evento, que termina domingo (26), será lançada campanha pelo
cumprimento do Código Florestal.
Para Malu Ribeiro, a situação das bacias e rios do bioma deve entrar
nas discussões. A partir de dados do governo, a bióloga disse que a
falta de saneamento básico e a ausência de mata ciliar nos rios e
nascentes têm levado algumas regiões ao colapso. Segundo ela, o Sudeste é
uma das que mais sofrem com as consequências desse cenário.
“A
população desses estados perde o efeito regulador de clima
proporcionado pelas florestas. É esse serviço que, no período de seca,
faz com que a vegetação contribua para manter o nível dos lençóis
freáticos e, na época de chuva, evita a erosão de encostas”, explicou.
“Nunca tínhamos visto uma seca extrema no Rio Grande do Sul como tem
ocorrido nos últimos anos, com produtores enfrentando problemas graves e
tendo que receber água de caminhão-pipa”, completou.
Malu Ribeiro disse que em todas as capitais dos 17 estados que
abrangem a Mata Atlântica há rios contaminados. “A perda da mata ciliar
tem gerado grandes contaminações provocadas por restos de metais pesados
dos chorumes, substâncias que vêm de cemitérios e que o subsolo acaba
levando para os rios”, explicou.
Nas áreas rurais, segundo ela, o problema é o uso intenso de
agrotóxicos que acabam chegando aos rios, e, nas zonas urbanas, a falta
de tratamento de esgoto, a poluição e os resíduos lançados a céu
aberto.
Nas cidades, segundo ela, os brasileiros não mostram preocupação com
a escassez de água e nem com o desperdício. “É um luxo cultural
negativo do Brasil, que acha que tem muita água. Precisamos lembrar que a
água não é distribuída igualitariamente, por exemplo. A gente vive a
cultura da abundância e do desperdício: canta no chuveiro, lava
calçadas, brinca no tanque. Mudar esse comportamento é muito difícil”,
disse.
Para a bióloga, o novo Código Florestal pode representar uma ameaça
ao bioma. A lei, aprovada há um ano, deve ocupar grande parte das
discussões previstas para o sábado e o domingo no Ibirapuera e no
auditório do MAM.
Representantes
de várias organizações não governamentais vão lançar uma campanha
nacional com o lema “Cumpra-se”, pelo cumprimento do Código Florestal e a
instalação do grupo de acompanhamento do código em São Paulo.
Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata
Atlântica, explicou que o objetivo é mobilizar as pessoas para
acompanhar a implementação da lei. Esta semana, a organização e outras
entidades voltadas para as questões ambientais lançaram um observatório
na internet que será usado para monitorar tudo o que está sendo feito
nos estados, nos municípios e pelo governo federal, como o cadastramento
dos imóveis rurais do país e a regulamentação dos incentivos
financeiros para os produtores que preservam.
“Já que as regras estão valendo, queremos acompanhar a
implementação. O CAR [Cadastro Ambiental Rural] tem dois anos para ser
criado e quem vai implementar e quais são os gargalos? Queremos saber
isso”, disse Mantovani.
“No caso da Mata Atlântica, temos uma lei específica, mais
restritiva, que é o código para a região e que está valendo. Não
permite, por exemplo, tirar um remanescente de floresta de secundário
estágio sem fazer uma documentação mostrando claramente o interesse
social e a utilidade pública da obra, como estradas”.
Mantovani lembrou que cada um dos 17 estados tem dificuldades e
características particulares. O Rio de Janeiro tem 90 mil propriedades
para serem cadastradas. Na Bahia e no Paraná, o número de imóveis rurais
chega a quase 400 mil.
“Em São Paulo, a questão da cana-de-açúcar é muito forte. Na Mata
Atlântica, não há mais conversão de floresta para agricultura porque os
locais disponíveis hoje são de difícil uso. Vamos ter que fazer um
programa mais voltado para a regularização do que existe”, explicou.
CEPRO – Um
Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda Casimiro de Abreu, 292, Bairro Nova
Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22)
2771-8256 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Comunidade no
Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário