da Agência Brasil
Preocupada com o possível aumento dos casos de violação
dos direitos de crianças e adolescentes durante os eventos esportivos
que o Brasil vai receber nos próximos anos, a Rede de Adolescentes e
Jovens pelo Esporte Seguro e Inclusivo (Rejupe), ligada ao Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), está promovendo a partir de hoje
(18) diversas ações nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A
iniciativa faz parte das mobilizações do Dia Nacional de Combate ao
Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, neste sábado
(18).
Estima-se que aproximadamente 600 mil turistas circulem pelo país durante os jogos da Copa do Mundo.
Segundo o coordenador do programa do Unicef Cidadania dos
Adolescentes, no Brasil, Mário Volpe, o objetivo das ações do Rejupe é
dar visibilidade aos riscos a que estão expostos meninas e meninos e
reforçar a importância de se denunciar situações de violência sexual. A
rede foi criada em 2011 para garantir que jovens lideranças contribuam
para a construção de um legado social positivo a partir dos eventos
esportivos.
Considerado um crime pouco visível, o que dificulta a
responsabilização dos agressores, a violência sexual contra crianças e
adolescentes deve ser combatida, na avaliação de especialistas,
principalmente com ações de prevenção.
“Nessas épocas, teremos grande circulação de pessoas em várias
cidades, os hotéis ficarão lotados, e o controle dos locais onde ocorre o
abuso será mais complexo. Por isso é importante reforçar as campanhas
que alertam para o fato de que esse tipo de exploração é crime”,
explicou.
“É preciso sinalizar de todas as formas que o Brasil está atento e
comprometido com a defesa de crianças e adolescentes, fazendo todo mundo
compreender que o país não tolera nenhum tipo de violação em relação a
eles, passando pelo taxista que vai receber os turistas, por quem vai
hospedá-los, pelos donos de restaurantes e pelos próprios turistas”,
acrescentou.
Mário Volpe disse, ainda, que além das ações que ocorrerão em razão
do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, mais atividades com o mesmo objetivo estão sendo
planejadas para a abertura da Copa das Confederações, em 15 de junho, e
para o dia 12 de outubro, quando se comemora o Dia das Crianças.
“O Brasil avançou muito nos últimos anos nesse tema, mas é preciso
reforçar os mecanismos de prevenção que colocam o país em alerta para
proteger crianças e adolescentes e assegurar que eles também participem
desses eventos com alegria, de forma lúdica, sem serem negligenciadas”,
ressaltou.
Em uma das ações para marcar o dia de combate, jovens da Rejupe em
São Paulo estão divulgando em redes sociais, a partir de hoje (18), o
vídeo do flash mob (mobilização geralmente combinada pela
internet que reúne um grupo de pessoas em um lugar público para chamar a
atenção para determinada causa) que fizeram esta semana na Avenida
Paulista.
De acordo com o educador Rafael Alves, integrante da Rejupe em São
Paulo, cerca de 40 jovens criaram e fizeram uma dança em que cada passo
representa uma modalidade esportiva.
“Como não teríamos como veicular um vídeo como esse em grandes
veículos, pensamos nas redes sociais pelo grande alcance que elas têm.
Ao final do vídeo, após a dança, quando todos estão focados apenas no
esporte, uma menina, vítima de exploração sexual, tenta sem sucesso
chamar a atenção das pessoas”, explicou.
Alves acredita que o vídeo vai ajudar a sociedade a compreender que
não se pode, em razão da euforia e da mobilização com os eventos
esportivos, fechar os olhos para esse tipo de violação que ocorre todos
os dias.
Também com o objetivo de mobilizar a população para o enfrentamento
da violência sexual contra crianças e adolescentes, o Comitê Nacional de
Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes e a
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR)
lançaram, na última quarta-feira (15), a campanha "Faça bonito, proteja nossas crianças".
A estimativa é que mais de 3 mil municípios em todo o país participem
de mobilizações em torno da data, que incluem palestras, workshops e
caminhadas.
Durante o lançamento da campanha, a ministra da Secretaria de
Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que a população brasileira se
mostra cada vez mais consciente em relação à exploração sexual de
crianças e adolescentes.
Em 2012, a Secretaria de Direitos Humanos registrou 130.029 denúncias
de violência contra crianças e adolescentes, por meio do Disque 100. O
serviço de proteção, vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes da SDH, funciona
diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As
denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de
proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as
atribuições específicas, no prazo de 24 horas. O sigilo da identidade do
denunciante é garantido.
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