Por Leonardo Sakamoto
Vivemos uma sociedade vigiada. Isso não é novidade.
Sob
a justificativa da segurança – interna e externa – plantamos câmeras em
qualquer lugar, rifando nossa liberdade individual. Equipamentos que,
no final das contas, acabam sendo usados para tantas outras finalidades
que a razão inicial de termos os colocado acaba esquecida.
A
paranoia da segurança vai eleger prefeitos que apresentam discursos que
beiram o fascismo em todo o país. Muitos deles prometeram a instalação
de câmeras em todos os cantos. Outros, que buscam a reeleição,
propagandeiam aos quatro ventos que colocaram esses aparelhinhos, tidos
como panaceia para os problemas da urbe. Podem até ser úteis em
determinados casos, mas geram uma falsa sensação de segurança em outros.
Sorria!
Não porque você está sendo gravado. Mas pelo fato de que, assim como a
ignorância, a autoenganação também é um lugar quentinho.
Os
repórteres Fábio Takahashi e Bruno Benevides, da Folha de S. Paulo,
trouxeram a notícia de que 107 alunos do Colégio Rio Branco, um dos mais
tradicionais de São Paulo, foram suspensos por um dia por protestar
contra a instalação de câmeras de segurança nas salas de aula. Segundo a
direção da escola, o objetivo seria aumentar a segurança (?) e melhorar
a disciplina (!). Os estudantes, que alegam não ter sido avisados,
ficaram sentados no pátio até que houvesse uma manifestação da diretoria
– o que não houve.
Para quem pensava que os direitos civil e
políticos estariam assegurados neste início de século, garantindo tempo
para que nos dedicássemos aos direitos econômicos, sociais, culturais e
ambientais, enganou-se. Se não é o Estado causando problemas, são
instituições que assumem o seu papel. O direito à privacidade, desde que
ela não agrida aos direitos e liberdades de terceiros, deveria ser
garantido. Mas, em nome dessa paranoia por segurança (que não brota do
nada, mas é decorrência da própria incompetência do poder público aliada
a interesses econômicos) e, o pior, em nome da disciplina, enterramos
isso.
Disciplina vigiada eletronicamente… Qual exemplo passamos
com isso? Que soluções arbitrárias, que ignoram direitos, são viáveis em
nome de um valor supostamente maior?
Dada a quantidade de pais
que, por serem moídos diariamente no trabalho, não conseguem fazer parte
da vida de seus filhos, é natural que essa medida tenha recebido apoio.
Se transmitissem pela internet, para todo mundo checar do local de
trabalho, imagino que haveria pessoas que comprariam o pacote.
E
não me admiraria se me dissessem que os mesmos pais instalam softwares
de rastreamento nos celulares dos filhos sem a anuência dos mesmos ou
colham fios de cabelo para realizar exames da presença de psicoativos
sem, ao menos, tentar uma conversa mais longa com eles.
“Ah, mas
crianças e jovens não têm que reclamar, pois não sabem o que é melhor
para eles. Têm que aceitar e ponto.” E, pelo jeito, nem os pais sabem. O
fato é que, nós adultos, somos crianças crescidas, com mais medo que
eles.
Colocar câmeras pode parecer mais fácil. Mas isso encerra
toda a possibilidade de diálogo sobre direitos e deveres. Enquanto estou
sendo vigiado, irei agir como a sociedade espera de mim. E quando não
houver câmeras? Ignoro tudo e todos? Que espírito democrático é esse que
estamos fomentando?
Este não é o único colégio que optou por essa
saída. Meus alunos me contaram, nesta quarta, que outras escolas adotam
o mesmo expediente, ou seja, está longe de ser uma discussão
localizada. Dentre eles, alguém que era estudante do colégio comentou
que, ao final o curso, há os que tentam tocar o terror na escola.
Pergunta: isso é consequência da falta de vigilância?
Os alunos do
Rio Branco deram um exemplo de civilidade muito maior ao fazer um
protesto pacífico do que a diretoria da escola, que não os teria
convidado para discutir o assunto. Torço para que outros protestos
semelhantes pipoquem em escolas que prefiram o porrete ao diálogo.
Fonte: Blog do Sakamoto.
CEPRO – Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura
em Rio das Ostras.
Alameda
Casimiro de Abreu , n° 292, 3º andar, sala 02 - Bairro Nova Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22) 2760-6238 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com/
Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085
Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Rio das Ostras
Tel.: (22) 2760-6238 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com/
Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085
Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário