Longe de ser somente uma opção de lazer, a bicicleta ganha cada
vez mais destaque como meio de transporte e o poder público em diversos
lugares começa a ficar atento para essa realidade.
Hoje, no Brasil, são mais de 60 milhões de bicicletas — metade usadas
pela população para ir ao trabalho. Segundo a pesquisa Origem e Destino
do metrô, aplicada na Região Metropolitana de São Paulo, o uso desse
tipo de deslocamento aumentou 18% entre 1997 e 2008. 22% das viagens de
bicicleta têm por motivo o alto custo da condução e 57%, a pequena
distância da viagem.
Maiores reféns do trânsito, as grandes capitais já recebem algumas
iniciativas. Por exemplo, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo
contam com o sistema de aluguel de bicicleta – Bike Rio e Ciclo Sampa –
resultado da parceria entre as prefeituras e bancos. O projeto vem
atraindo um grande número de adeptos. No Rio, a iniciativa aumentou o
número de postos e bicicletas para atender a demanda.
Já a cidade de São Paulo não para por aí. O prefeito Fernando Haddad
tem um projeto audacioso: criar 400 km de ciclovias na capital paulista
até o final de 2015, inaugurando um trecho de rotas cicloviárias por
semana, incomodado com o fraco desenvolvimento da cidade paulista quando
comparada a outras metrópoles. Em Sampa, o trajeto de bicicleta abrange
menos de 1%.
Porém, outra iniciativa na cidade já está em andamento: um
bicicletário público com vestiário está sendo criado próximo a estação
de metrô Faria Lima. O projeto, que partiu de um abaixo assinado com
mais de 23 mil assinaturas, terá manobristas, armários, ferramentas para
bicicleta, e funcionará 24 horas.
Outra capital que também está criando alternativas para os ciclistas é
Curitiba. A cidade, onde mais de 55 mil pessoas aderiram à bicicleta
como meio de transporte, recebe o projeto Via Calma, que tem como
objetivo criar ciclovias nas principais vias da cidade. Os ciclistas vão
transitar pelo lado direito das vias em áreas demarcadas. Para evitar
acidentes, a velocidade vai ser reduzida a 30 km por hora e nos
cruzamentos vão ser instalado Bikeboxes, uma área especial de parada
para bicicletas nos semáforos, protegendo e priorizando o ciclista
quando o sinal abrir.
No Mundo
Diferente do Brasil, alguns países já estão bem desenvolvidos em
relação a ciclovias. Como por exemplo, a cidade de Bogotá, que possui
359 km de ciclovia, Nova York 675 km e Berlim 750 km. Em Tóquio e na
Holanda, 25% dos trajetos são feitos de bicicleta. Portanto, esses
países procuram além das ciclovias, outras iniciativas para estimular o
uso da bicicleta.
Na França, 20 empresas e instituições somando mais de dez mil
funcionários, pagam 25 centavos de euro a cada quilômetro percorrido de
bicicleta no trajeto casa-trabalho. Ainda na França, em Paris, o P’tit
Vélib’, terceiro maior serviço de compartilhamento de bicicletas do
mundo, vai oferecer 300 bicicletas para crianças de 2 a 10 anos de idade
em diferentes tamanhos. No Reino Unido, o governo criou um sistema de
vendas de bicicleta em conjunto entre funcionários e empregados, chamado
Cycle to Work, que oferece preços menores e descontos nos impostos para
aqueles que usam bicicleta para ir ao trabalho.
Já na Alemanha o projeto é ainda maior, o governo alemão preocupado
em reduzir o congestionamento e a poluição, pretende trocar carros e
caminhões por bicicletas de carga. Segundo o porta-voz do ministério dos
Transportes, Birgitta Worringen, o projeto é viável porque mais de 75%
dos trajetos no país são para cobrir distâncias menores do que dez
quilômetros. A empresa de logística, UPS, já realiza entregas em seis
cidades alemãs usando bicicletas. Entretanto, o representante da
empresa, Lars Purkarthofer, ressalta que a estrutura no país ainda não é
a ideal, as ciclovias são estreitas e em alguns pontos faltam
estacionamentos para guardar as bicicletas.
Benefícios
Além de manter uma população mais saudável e diminuir a poluição e os
congestionamentos das grandes metrópoles, outros dados chamam a atenção
para os diferentes benefícios do uso da bicicleta como transporte
diário. Segundo um estudo realizado em Nova Iorque, as vendas das lojas
de rua aumentaram em até 49% após a construção de ciclovias. O estudo
argumenta que um ciclista tem menos barreiras para entrar numa loja
local que, ao contrário do carro, é mais fácil encontrar um ponto para
prender a bicicleta.
Outro fator interessante é a questão da segurança. É quase
unanimidade entre os ciclistas que pedalar nas grandes vias além de
atrapalhar o trânsito, aumenta o risco de acidentes. Porém, um estudo
feito na Universidade do Colorados em Denver, nos Estados Unidos, mostra
o contrário. O estudo afirma que o aumento de bicicletas nas estradas
reduz o número de acidentes de trânsito e ainda torna o tráfego mais
seguro. O professor e coautor do estudo, Wesley Marshall, trabalha com a
hipótese de que quando existe um grande número de ciclistas na estrada,
o motorista fica mais atento. Portanto, cidades com grande volume de
bicicletas, não são seguras apenas para os ciclistas, mas para os carros
também.
O fato é que qualquer tipo de incentivo ao uso da bicicleta é
importante, as ruas no Brasil se encontram em situação precária. As
grandes capitais estão congestionadas e sem previsão alguma de melhora. O
trabalhador quando não espremido no transporte público, está isolado no
carro esperando o trânsito andar. Então, a bicicleta vem se tornando
uma importante alternativa onde a sociedade ganha como um todo por ter
uma cidade mais humana e saudável, e menos congestionada e poluída.
Fonte: Revista Fórum.
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