quinta-feira, 24 de julho de 2014

Carne bovina tem pegada de carbono pior do que se pensava


Novos estudos mostram que carne bovina contribui mais para emissão de gases do efeito estufa e degradação ambiental do que produção de outras proteínas de origem animal, como laticínios, aves domésticas, carne suína e ovos, juntas.

Não é novidade que o consumo excessivo de carne pode ser muito prejudicial à saúde humana, aumentando a propensão a problemas como pressão e colesterol altos, excesso de peso, etc. Mas os problemas podem ir muito além da saúde humana, afetando também o meio ambiente e aumentando as emissões de gases do efeito estufa (GEEs). É o que mostram novas pesquisas publicadas recentemente nos periódicos Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e Climatic Change.

O estudo publicado no PNAS sugere que as emissões da pecuária, que são responsáveis por 14,5% da liberação total de GEEs pelas atividades humanas, estão aumentando, e que a carne bovina é responsável por mais GEEs do que a produção de outras proteínas de origem animal, como laticínios, aves domésticas, carne suína e ovos, juntas.

Embora essa descoberta não seja exatamente nova, é a proporção da pegada de carbono que assusta: a pesquisa mostra que a carne bovina exige 28 vezes mais terra para ser produzida, 11 vezes mais água e seis vezes mais fertilizante nitrogenado do que as outras quatro categorias, e resulta em cinco vezes mais emissões de GEEs.

Além disso, o estudo comparou a utilização de recursos da produção pecuária com a do cultivo de vegetais que são fonte de proteínas, como arroz, batata e trigo e concluiu que todos os tipos de carne emitem mais GEEs do que as culturas analisadas.

“A produção de batata, trigo e arroz, em média, exige de duas a seis vezes menos recursos por caloria consumida do que a carne não bovina. Entender os impactos das diferentes classes de pecuária pode dar aos consumidores e legisladores poder de mitigarem danos ambientais através da escolha da dieta e da política agropecuária”, afirma o relatório do PNAS.

Outro estudo semelhante, divulgado no periódico Climatic Change, indica que, de 1961 a 2010, as emissões de GEEs da pecuária em 237 países aumentaram 51%.

Especificamente, os cientistas descobriram que a carne e laticínios de bovinos são responsáveis por cerca de 71% das emissões pecuárias, com 54% vindo da carne e 17%, dos laticínios. Isso é em parte devido à abundância do animal, mas também por causa dos altos níveis de metano que ele emite. As ovelhas são responsáveis por 9% das emissões, os búfalos, por 7%, os porcos, por 5%, e as cabras, 4%.

E muito disso se deve ao aumento da demanda por carne, especialmente em nações em desenvolvimento. A equipe observou uma diferença gritante entre as emissões pecuárias dos países em desenvolvimento, que são mais responsáveis por esse aumento, e as das nações desenvolvidas.
E acredita-se que essa diferença deva aumentar, já que a demanda por carne, laticínios e ovos deve dobrar até 2050 em países em desenvolvimento. As nações desenvolvidas já chegaram ao máximo de suas emissões pecuárias nos anos 1970, e têm diminuído desde então.

“O mundo em desenvolvimento está se tornando melhor em reduzir as emissões de efeito estufa causadas pelos animais, mas essa melhoria não está acompanhando a crescente demanda por carne. Como resultado, as emissões de GEEs da pecuária continuam subindo em boa parte do mundo em desenvolvimento”, comentou Dario Cario, pesquisador do estudo.

“Esses hambúrgueres saborosos são os verdadeiros culpados. Seria melhor para o meio ambiente se todos nos tornássemos vegetarianos, mas uma série de melhorias podem ocorrer da ingestão de carne suína ou de frango em vez de bovina”, disse Ken Caldeira, que trabalhou com Cario, mas não é autor do trabalho.

Uma terceira pesquisa confirma a declaração de Calderia. Segundo o estudo, também apresentado no Climatic Change, as pessoas que comem carne produzem o dobro da quantidade de emissões de GEEs em relação aos veganos devido a suas dietas.

O relatório observou tudo, desde a produção, transporte, armazenamento e cozimento até o descarte de alimentos, que contribui para as emissões de GEEs. Foram avaliadas as dietas de mais de 50 mil pessoas no Reino Unido.

O resultado aponta que as pessoas que comem carne de maneira moderada (50 a 99 gramas de carne por dia), contribuem com 5,63 Kg de dióxido de carbono equivalente (CO2e) para a atmosfera a cada duas mil calorias consumidas, enquanto os veganos contribuem com 2,89 Kg de CO2e.

Os veganos têm as menores emissões de gases do efeito estufa devido à sua dieta, seguidos pelos vegetarianos (3,81 Kg de CO2e), os que consomem apenas carne de peixe (3,91 kg de CO2e) e os que consomem menos de 50 gramas de carne por dia (4,67 kg de CO2e). Já os que comem bastante carne (100 gramas por dia ou mais) geram 7,19 Kg de CO2e.

A pesquisa também menciona que a população do Reino Unido está comendo mais carne do que nunca, tendo passado de um consumo anual de 69,2 kg em 1961 para 84,2 kg de carne por ano atualmente.

“Esse trabalho demonstra que reduzir o consumo de carne e outros produtos de origem animal pode dar uma contribuição valiosa à mitigação das mudanças climáticas”, informaram os autores.

Por fim, estimativas do Environmental Working Group mostram que, se toda a população dos EUA adotasse uma dieta vegetariana, seria o equivalente a retirar 46 milhões de carros das ruas, e que se uma pessoa comesse apenas um hambúrguer a menos por semana durante um ano, seria o equivalente a não dirigir seu carro por 514 quilômetros.

De fato, há muito o que uma pessoa pode fazer para tentar reduzir sua pegada de carbono: andar menos de carro, consumir mais produtos que evitem a emissão de GEEs em sua produção e transporte, e consumir mais proteína vegetal e menos animal. Talvez nem todos possam se tornar vegetarianos ou veganos, mas reduzir o consumo de carne já é um primeiro passo para diminuir sua contribuição às mudanças climáticas.

Fonte: CarbonoBrasil.


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