Reduzir a tarifa dos transportes coletivos e aumentar a qualidade do
serviço. É possível? Nesta terça-feira, um debate realizado na capital
paulista esboçou algumas respostas para a pergunta. Com o título
“Alternativas para o financiamento do transporte público”, o evento
organizado pela Rede Nossa São Paulo e pela Frente Nacional dos
Prefeitos contou com a presença de especialistas da USP e da FGV, além
do prefeito Fernando Haddad e do Greenpeace.
De acordo com os prefeitos, a solução para reduzir a tarifa do
transporte público seria a municipalização da Cide, imposto sobre
combustíveis, utilizado para subsidiar os custos atuais do sistema de
transporte público. Eles defendem que essa redução teria impactos
positivos na economia, reduzindo a pressão inflacionária.
Para Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace
Brasil, é importante reforçar a lógica de que, quem opta pelo transporte
particular, financie o transporte público. Para tanto, Leitão aponta
algumas necessidades:
“Os recursos desse imposto chegaram aos cofres das prefeituras
municipais de 2004 a 2012. Para requerer seu retorno, seria conveniente
que os prefeitos demonstrassem como ele foi utilizado durante este
período”, afirmou Leitão.
Para ele, a participação pública nas decisões sobre o uso desses
recursos é outro fator fundamental para se garantir investimentos a
longo prazo.
“Como a gestão pública tem um ciclo muito curto comparado com as
mudanças estruturais necessária para a mobilidade urbana, os prefeitos
têm dificuldade na sua execução devido a pressões eleitorais”,
complementa Leitão. “Isso causa uma síndrome de Levy Fidelix entre os
prefeitos: cada um deles quer um aerotrem para chamar de seu.”
Segundo Leitão, somente uma tarifa mais baixa não é suficiente para
mudar o sistema, já que R$ 0,60 da tarifa atual corresponde ao valor
gasto do combustível devido ao tempo perdido no trânsito.
“Está na hora de os prefeitos radicalizarem na maneira de encarar a
mobilidade urbana e lutar contra todos os subsídios ao transporte
particular, desde o IPI sobre automóveis até os estacionamentos
gratuitos na rua. Todo recurso deve ser direcionado ao transporte
coletivo”, finaliza.
Estarão os prefeitos dispostos a encarar esse desafio?
Conheça a campanha do Greenpeace pela mobilidade urbana: www.greenpeace.org.br/cade.
Fonte: greenpeace.org.br
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