A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza
Campello, afirmou nesta sexta-feira 23 que não é mais possível discutir
sustentabilidade sem uma correlação entre as agendas ambiental, social e
econômica. De acordo com ela, o mais adequado seria que os governos
comecem a pensar um projeto de médio e longo prazo que incorpore as três
questões de forma equilibrada. “Dificilmente se pode discutir
sustentabilidade com milhões de pessoas, infelizmente, ainda excluídas
de tudo – excluídas até do consumo – e acreditar que as pessoas aceitem
continuar a ser excluídas”, afirmou.
Num momento ainda turbulento para a economia mundial, os reflexos
sentidos pela desaceleração têm recaído sobre os direitos sociais dos
indivíduos, em primeiro plano. De acordo com a ministra, houve recuo da
agenda social do mundo todo de uma forma mais geral, inclusive nos
países com uma rede de proteção social bastante avançada para as
populações mais pobres ou não. “E a tendência é, se não gritarmos
bastante, que ela retroceda ainda mais”, alertou.
O Brasil, segundo a ministra, tem recebido atenção internacional nos
últimos anos justamente por não aceitar mais que “uma parcela
gigantesca” da população não seja incorporada à agenda de
desenvolvimento. Como exemplos, Tereza citou os programas Luz Para
Todos, Bolsa Família e a construção de 606 mil cisternas no semiárido
nordestino de 2003 a 2013. Tudo, de acordo com ela, fruto do
investimento em tecnologia e cadastramento minucioso de mais de 20
milhões de famílias (quase 90 milhões de brasileiros, ao todo) nos
rincões e regiões desatendidas e desprovidas de serviços públicos. “Nós
temos incorporadas informações sobre escolaridade, tipo de residência,
acesso a emprego de cada uma dessas pessoas. A partir disso, cruzamos os
dados com Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) e outros bancos de dados. Isso nos
permite construir o que chamamos de ‘mapa da pobreza’”.
Fonte; Carta Capital.
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