Ativistas protestaram ontem, em Brasília, contra a volta do carvão ao
leilão de energia. Hoje, nenhum comprador se interessou por essa fonte.
(©Greenpeace/Cristiano Costa)
O lobby da indústria fóssil levou um grande revés no leilão de energia
promovido hoje pelo governo. Competindo em pé de igualdade com as
térmicas de biomassa, o carvão ofertado não teve compradores. Em
contrapartida, nove empreendimento de biomassa, em cinco Estados (BA,
MG, MS, PI e SP) foram contratados a um preço médio de R$ 134,66 por MW.
O leilão de hoje – chamado de A-5 porque oferece ao mercado energia
com inicio de fornecimento em cinco anos – comercializou 647 MW desta
fonte renovável, que reutiliza materiais como bagaço de cana para gerar
calor e mover os geradores de eletricidade. Isso é mais da metade da
potência contratada neste leilão A-5 e suficiente para abastecer uma
cidade do tamanho de Goiânia.
A derrota do carvão acontece após fortes críticas do setor de
energias renováveis e do movimento ambientalista. Ontem, o Greenpeace
realizou um protesto em frente ao Ministério de Minas e Energia, em
Brasília, pedindo a retirada do carvão dos leilões de energia. Ativistas
vestidos de mineiros despejaram uma tonelada e meia de briquete de
carvão diante do edifício do ministério e protocolaram uma “pepita de
carvão gigante” para o titular da pasta, o ministro Edison Lobão.
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O carvão é uma das fontes mais poluentes que existem. Para cada kWh
de eletricidade produzida, um quilo de CO2 é despejado na atmosfera. Em
comparação com toda a cadeia de produção de biomassa, a mesma quantidade
de energia emite apenas 18 g de CO2 – 55 vezes menos que o carvão.
O carvão também é mais caro que fontes renováveis como eólica e
biomassa, como mostrou o leilão de hoje. Isso, mesmo com todo o
incentivo público que essa energia poluente recebe.
Para viabilizar as térmicas a carvão, o Governo Federal zerou o PIS e
Cofins da compra deste mineral. O Estado do RS, produtor de carvão e um
dos maiores interessados nessa fonte de energia junto do Estado de SC,
reduziu de 17% para 12% o ICMS cobrado sobre a construção das usinas.
Por outro lado, fonte renováveis como a solar fotovoltaica são
completamente ignoradas das políticas de incentivo do governo. Pelo
jeito, nada disso adiantou para reduzir a competitividade das
renováveis.
“O resultado do leilão de hoje deixou claro que, quando existe
pressão da sociedade civil, os mercados se movem para as alternativas
mais sustentáveis”, disse Renata Nitta, da campanha de Clima e Energia
do Greenpeace. “As renováveis já são uma realidade para complementar e
diversificar a matriz elétrica e agora mostram que são altamente
competitivas no mercado. Não faz mais sentido investir em energias do
passado com tanto potencial em vento, sol e biomassa que o Brasil tem
para gerar energia limpa.” Apesar da derrota do carvão, em dezembro o
governo pretende realizar novo leilão de energia colocando novamente
esta fonte poluente no mercado.
Na última terça-feira, 27, o Greenpeace lançou seu cenário
[R]evolução Energética, mostrando que, com vontade política e
planejamento, o Brasil poderá ter até 92% da matriz elétrica alimentada
por fontes renováveis. Para acessar o relatório na íntegra, clique aqui:
http://bit.ly/17opY2n.
Hidrelétricas
Além dos empreendimentos de biomassa, o leilão de hoje também
negociou 400 MW da usina hidrelétrica Sinop (MT), a ser construída no
complexo do rio Teles Pires.
A energia dessa usina foi contratada ao valor de R$ 109,40 por MWh,
preço muito próximo ao alcançado pela fonte eólica no leilão A-3 da
semana passada. A diferença é que as eólicas têm impacto socioambiental
mínimo em comparação com uma hidrelétrica. O custo da construção da
hidrelétrica Sinop será de R$ 1,7 bilhão.
Fonte: greenpeace.org.br
Fonte: greenpeace.org.br
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