da Agência Brasil
Foram usados no estudo dados do Censo do Insituto Brasileiro de
Geografica e Estatística (IBGE), o Índice de Vulnerabilidade Municipal
(IVM), que congrega o Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e de
Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde,
ambientais e sociais. Em escala que varia de 0 a 1, os municípios com
números mais próximos de 0 têm menor vulnerabilidade e os mais próximos
de 1 são os mais vulneráveis.
A coordenadora-geral do projeto e pesquisadora em clima da Fiocruz,
Martha Barata, explicou que o panorama apresentado neste ano é similar
ao encontrado em 2011, mas que alguns municípios melhoraram a situação,
como Campo dos Goytacazes. “Campos era o mais vulnerável no índice geral
e agora encontra-se menos vulnerável devido à melhora na taxa de saúde,
que passou de 1 para 0,68, em comparação com os demais municípios.
Búzios era o menos vulnerável, mas teve piora no índice - 0 para 0,16,
em relação aos demais municípios, com incidência de algumas doenças.
“O Rio está na escala 1, por ter grande vulnerabilidade da população
à mudança do clima nos quesitos saúde e meio ambiente”, comentou
Martha. “No quesito social, a cidade está bem [0,18], na comparação com
os demais municípios”. São Francisco de Itabapoana aparece com o pior
índice de vulnerabilidade social (1) e Niterói com o melhor (0). O
índice geral, no entanto, é elevado em função da maior vulnerabilidade
da saúde e do ambiente (0,70).
Segundo a pesquisadora, o aumento do efeito estufa, do nível do mar,
de chuvas mais intensas, com inundações e alagamentos, do número de
casos de doenças e, consequentemente, do número de mortes deve afetar
com mais intensidade o Rio de Janeiro que os demais municípios do
estado, sobretudo devido à vasta biodiversidade, à proximidade da costa,
às habitações em encostas e à falta de saneamento básico em boa parte
das habitações.
Martha explicou que a vulnerabilidade não é necessariamente
negativa, apenas indica atenção e exige políticas públicas para prevenir
danos e doenças e adaptar a cidade às mudanças do clima.
“A primeira ação deve ser a ordenação do solo, não deixar as pessoas
ocuparem as encostas, depois garantir o saneamento, que evita diversas
doenças. É importante também a drenagem quando houver chuva, e um
sistema de alerta precoce, como tem sido feito em alguns locais”,
acrescentou.
“Na questão da vegetação, é preciso garantir a proteção da nossa
riqueza de biodiversidade nos parques, florestas, manguezais, entorno
dos rios, mas é fundamental que haja uma gestão integrada entre os
setores de saúde, social e ambiental”.
Os municípios de Magé e Campos dos Goytacazes aparecem logo atrás do
Rio, com vulnerabilidade acima de 0,50, que é a média estadual para os
três indicadores que compõem o IVG. Magé é vulnerável nos três
indicadores, embora menos que o Rio nos quesitos saúde e meio ambiente.
A pesquisadora destacou Angra, Paraty, Petrópolis e Teresópolis como
cidades de elevada vulnerabilidade ambiental. “Por conta da
biodiversidade e da vegetação rica que devem ser mantidas e da ocupação
desordenada do solo”, explicou.
O município de Nilópolis aparece no mapa como o menos vulnerável,
com escala zero no índice geral, seguido de São Pedro da Aldeia, na
Região dos Lagos, e Volta Redonda, no sul fluminense, que também
apresentaram baixa vulnerabilidade para três indicadores. Apesar de
alguns problemas de saúde, se o clima mudar, o impacto será pequeno
nessas regiões por terem uma biodiversidade e vegetação menos abundantes
que outras regiões do estado.
A coordenadora da pesquisa destacou o papel da educação para que as
pessoas cuidem melhor do meio ambiente e evitem doenças simples como a
dengue.
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