Segundo dados das Nações Unidas, até 2030 cinco bilhões de pessoas – o
que equivalerá a 60% da população mundial – viverão em centros urbanos,
o que deve estimular a economia, mas também trazer uma série de
consequências para o meio ambiente e os recursos naturais. Diante disso,
surge a questão: como tornar as cidades mais sustentáveis e eficientes
em recursos?
É isso que tenta responder o relatório ‘Como tornar uma cidade excelente’ (How to make a city great),
divulgado nesta semana pela empresa de consultoria
McKinsey&Company. Os pesquisadores da firma passaram um ano
entrevistando prefeitos de 30 cidades em quatro continentes que
conseguiram de alguma forma realizar melhorias ambientais, econômicas e
na qualidade de vida de seus cidadãos.
Através das respostas desses líderes sobre como estão efetuando essas
mudanças em suas cidades, a McKinsey tentou reconstituir as linhas
estratégicas seguidas pelos prefeitos, e detectou os três pontos mais
frequentes:
O primeiro seria garantir um crescimento inteligente, identificando e
estimulando as melhores oportunidades, criando formas de lidar com as
demandas, integrando o pensamento ambiental e garantindo que todos os
cidadãos gozem da prosperidade da cidade.
O documento afirma que bons líderes urbanos também pensam no
crescimento regional porque, à medida que a cidade cresce, eles
precisarão da cooperação dos municípios vizinhos e de fornecedores de
serviços regionais.
O texto continua, afirmando que integrar o ambiente às decisões
econômicas é vital para um crescimento inteligente: as cidades devem
investir, por exemplo, em infraestrutura que reduza as emissões, a
produção de resíduos e o uso da água. Além disso, essa mesma
infraestrutura deve ser pensada cada vez mais para comunidades de alta
densidade.
De acordo com o relatório, um exemplo disso é a cidade de Copenhagen,
capital da Dinamarca. O município investiu fortemente em infraestrutura
verde e agora é classificado como a cidade mais sustentável da Europa
pelo índice European Green City da Siemens. Em se tratando de energia,
cada distrito tem um sistema de aquecimento central que usa os
‘resíduos’ de calor gerados pela eletricidade para aquecer as
edificações.
Em relação ao transporte, a cidade é mundialmente conhecida por sua
cultura do ciclismo e por ter uma infraestrutura que suporta isso. O
município tem 388 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, e, como
resultado, cerca de 50% do transporte na cidade é feito em bicicleta.
Na
questão da água, Copenhagen renovou todo o seu sistema de rede hídrica,
e agora o desperdício é de 5%, comparado aos 20%-25% em outras cidades
da Europa. Além disso, o município também apresenta coletores de água da
chuva e sistemas para limpar águas residuais e dar novo uso a elas.
Por fim, em se tratando de resíduos, a cidade tem um programa de
separação de lixo, que utiliza os resíduos orgânicos para a produção de
biogás e bioetanol, utilizados nos sistemas de aquecimento distritais.
O segundo ponto detectado pelo relatório é fazer mais com menos: O
documento sugere que cidades ‘excelentes’ protegem suas receitas,
exploram parcerias de investimentos, abraçam novas tecnologias, fazem
mudanças organizacionais que eliminam excessos e administram as
despesas.
Conforme o texto, os líderes dessas cidades também aprenderam que, se
bem elaboradas e executadas, parcerias público-privadas podem ser um
elemento essencial para um crescimento inteligente, levando a
infraestruturas e serviços de custos mais baixos e qualidade mais alta.
Um exemplo do uso de novas tecnologias é a cidade de Nova York, que
criou um novo sistema para analisar seus bueiros. Comparando o sistema
com dados que mostram quais restaurantes não reportavam usar transporte
de resíduos licenciado, a administração do município detectou possíveis
despejos ilegais no esgotamento sanitário da cidade, que se confirmaram
em 95% dos casos.
O terceiro ponto detectado é conseguir apoio para aplicar as
mudanças: De acordo com o relatório, as mudanças para práticas mais
sustentáveis não são fáceis, e podem até atrair oposição.
Por isso, prefeitos com sucesso nesse quesito costumam criar um grupo
de funcionários públicos para desenvolver um ambiente de trabalho em
que todos os empregados sejam responsáveis por suas ações, e aproveitem
cada oportunidade para chegar a um consenso das partes interessadas com a
população local e a comunidade empresarial. Os prefeitos tomam medidas
para recrutar e reter grandes talentos, enfatizando a colaboração e
treinando os funcionários no uso de novas tecnologias.
Nesse caso, o exemplo é a cidade de Chicago, que lançou a Parceria de
Reequipagem Residencial de Chicago, visando fornecer à população
recursos e informações relacionadas à eficiência energética residencial.
O Grupo de Inovação, formado por funcionários públicos, conduz uma
análise de dados para determinar onde a reequipagem teria mais impacto, e
ajuda a criar uma estratégia que chegue à parte da população que pode
se interessar por isso.
“Prefeitos são muito conscientes de que seu mandato será limitado.
Mas se planos em longo prazo forem articulados – e ganharem apoio
popular por causa de seu sucesso em curto prazo – os líderes podem
começar um ciclo virtuoso que sustenta e incentiva um excelente ambiente
urbano”, conclui o relatório.
Fonte: CarbonoBrasil.
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