segunda-feira, 30 de setembro de 2013

IPCC comprova que mudanças climáticas sem precedentes demandam ação imediata


As mudanças climáticas estão ocorrendo mais rapidamente, de forma mais intensiva e, em muitos casos, em níveis sem precedentes, de acordo com o primeiro volume do 5º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que trata das bases físicas da ciência do clima, divulgado hoje, em Estocolmo, Suécia, na conferência que reuniu representantes de governos de 195 países durante esta semana. O resultado demanda ações urgentes.

“Há poucas surpresas no relatório, mas o aumento da certeza sobre muitas das observações dos cientistas apenas valida aquilo que observamos ao nosso redor. Desde que o IPCC lançou o seu último grande relatório, em 2007, a perda de massas de gelo terrestre e o aumento do nível dos oceanos se acelerou de forma dramática, principalmente no verão Ártico, pois a perda de gelo é maior do que a projetada anteriormente. Concluiu-se também que a última década foi a mais quente desde 1850,” afirma Samantha Smith, líder da Iniciativa Global de Clima e Energia da rede WWF.

Em particular, os resultados que demonstram maiores impactos em nossos oceanos são altamente preocupantes, considerando-se que mais de 1 bilhão de pessoas depende deles como sua principal fonte de alimentos e sobrevivência. A acidificação dos mares aumentou em 30% desde 1900 e é provavelmente a maior em muitos milhões de anos. Oceanos mais quentes e mais ácidos geram impactos severos aos peixes, recifes de corais e a todos os ecossistemas marinhos.”É o CO², principalmente gerado pela queima de combustíveis fósseis, que se dissolve nos oceanos e pode destruir um ecossistema que é muito frágil, de forma irreversível”, afirma Stephan Singer, diretor global de políticas de energia da rede WWF. “Cabe a todos os setores da sociedade, incluindo os atuais governantes, agir sobre os fatos e em resposta à ciência apresentada neste relatório, que passou por um rigorosíssimo processo de revisão sem precedentes,” acrescenta Singer.

“Nós não podemos ignorar a realidade de que precisamos agir ou então teremos que encarar impactos assustadores. Sabemos que a maior parte das emissões de gases que causam o aquecimento global vem da queima de combustíveis fósseis. A rede WWF demanda dos governos e investidores que parem de investir em energia suja e que passem a uma transição imediata para investimentos em energias renováveis e sustentáveis,” conclui Samanta Smith.

Para o WWF-Brasil, as informações científicas contidas no balanço do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, lançado há algumas semanas, e agora neste relatório do IPCC, lançado hoje são mais do que suficientes para demonstrar ao governo brasileiro que as mudanças climáticas não podem mais ser tratadas como tema de segunda importância em políticas públicas. No Brasil, temos o exemplo da realidade do clima extremo, que agora afetando de forma crítica o sul de São Paulo, o vale do Itajaí e o semiárido do Nordeste.

“Temos de investir nos recursos abundantes de fontes renováveis de energia de baixo impacto que temos à nossa disposição, como a energia solar, eólica e de biomassa, em vez de colocar 70% dos nossos investimentos em combustíveis fósseis. O governo federal não deve oferecer incentivos indecentes a combustíveis como o carvão mineral e explorar de forma precipitada o chamado gás não convencional (shale gas, em inglês),” afirma Carlos Rittl, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.

“Por ora, o Brasil segue na contramão da ciência e na contramão da história. Nosso país vem investindo continuamente em grandes planos para expansão da infraestrutura, da geração de energia, da agricultura e pecuária e no fomento à indústria que irão provocar aumento das emissões de gases de efeito estufa do país, hoje ainda um dos grandes poluidores do planeta”, conclui Rittl.

Sobre a Rede WWF: é uma das maiores e mais respeitadas organizações ambientalistas independentes do mundo. O WWF tem o apoio de quase 5 milhões de pessoas e dispõe de uma rede mundial que atua em mais de 100 países. A missão da Rede WWF é interromper a degradação do meio ambiente e construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza.

Sobre o WWF-Brasil: É uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

Fonte; WWF Brasil
 
 
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