Em foto de 2008, Greenpeace da Nova Zelândia infla balão gigante nas
proximidades de Auckland para alertar sobre os perigos das mudanças
climáticas. Foto: Greenpeace
Painel da ONU eleva o alerta sobre a iminência de uma crise
climática e mostra urgência de medidas globais para se reduzir as
emissões de gases estufa.
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) divulgou
hoje o Sumário para Formuladores de Políticas, a primeira seção que
compõe o Quinto Relatório de Avaliação. O tom da publicação aumenta o
alerta em relação ao relatório passado, publicado em 2007, afirmando que
as mudanças climáticas são inequívocas e que os impactos das emissões
de CO2 se agravaram. Por outro lado, evidencia que ainda há tempo de
prevenir as piores consequências do aquecimento global com medidas
urgentes.
“A única resposta lógica é a ação imediata. Infelizmente, aqueles que
estão agindo estão neste momento presos na Rússia, enquanto os
responsáveis pelas mudanças climáticas são protegidos por governos de
todo o mundo”, disse Stephanie Tunmore, do Greenpeace Internacional.
Ela se refere aos 28 ativistas do Greenpeace Internacional, além do
fotógrafo e do cinegrafista free-lancer, que permanecem em prisão
provisória na Rússia desde a semana passada, após um protesto pacífico
contra a exploração de petróleo no Ártico.
O documento apresenta projeções para o futuro com maior grau de
segurança, afirmando ser 95% provável que o aquecimento observado desde
meados do século 20 seja resultado da influência humana sobre o clima.
Os sinais de aceleração dos impactos climáticos são perturbadores. Na
última década – entre 2002 e 2011 – a camada de gelo da Groenlândia
derreteu, em média, seis vezes mais rápido do que na década anterior. Na
Antártida, o derretimento foi cinco vezes mais rápido e o gelo do mar
Ártico diminuiu significativamente mais rápido do que o previsto. Desde
1993, os níveis do mar subiram duas vezes mais rápido que no século
passado.
O IPCC define diferentes cenários possíveis para as emissões globais
de carbono e prevê seus impactos relacionados. Para que a temperatura
média da superfície terrestres não exceda os 2oC em relação à
temperatura da era pré-industrial – limite considerado perigoso pelos
cientistas – serão necessários cortes drásticos nas emissões de gases
estufa, atingindo um pico em dez anos e chegando a zero em 2070.
“Diante desse cenário, vemos um descompasso entre o que o Brasil
precisa fazer para reduzir suas emissões e o que, de fato, está fazendo.
Apesar de todas as evidências, insiste em investir altos recursos na
exploração de combustíveis fósseis”, afirmou Sérgio Leitão, diretor de
políticas públicas do Greenpeace Brasil. “O Brasil terá o primeiro
leilão para o pré-sal em menos de um mês, evidenciando sua escolha por
uma atividade arriscada, insegura e suja, que pode colocar o país entre
os maiores emissores do mundo.”
A solução para o Brasil é uma resposta única – eficiência energética e
energias renováveis – que pode resolver mais de um problema. Se
investisse em energia limpa, o país poderia reduzir em 60% suas emissões
até 2050, um corte de 777 milhões de toneladas por ano para 312 milhões
de toneladas. A economia do país também seria beneficiada com tal
incentivo: a construção de menos termelétricas e a maior participação de
renováveis pouparia R$ 1,11 trilhão até 2050.
“Ainda temos escolha e esse é o momento de decidir. O Brasil pode
ajudar a manter o aquecimento global dentro do limite de 2oC, mas para
isso os governos, empresas e investidores precisam agir e deixar os
combustíveis fósseis no passado de uma vez por todas para garantir o
futuro”, acrescentou Leitão.
Fonte: Greenpeace.
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