Exemplo de incentivo à energia solar: escola na Suíça, em parceria com o
Greenpeace, instala paineis solares em seu telhado (© Greenpeace /
Thomas Rickenmann).
Os
recentes apagões no Nordeste colocaram novamente em xeque a segurança da
matriz energética brasileira. Para tentar compensar as falhas, o
secretario-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio
Zimmermann, anunciou na tarde de ontem o ligamento de térmicas a carvão,
num total de mil megawatts (MW). Segundo o secretário, essa medida
permite reduzir a transmissão de energia de outras regiões para o
Nordeste.
Sob um custo de aproximadamente R$ 50 milhões, o despacho adicional
das térmicas deve durar 15 dias, com fontes de geração provinda da
queima de óleo combustível e diesel.
Com maior parte da nossa energia sendo produzida por hidrelétricas, a
geração é centralizada e depende de grandes linhas de transmissão
percorrendo o país para abastecer as cidades. Além disso, a geração
hídrica sofre com a sazonalidade, dependendo de chuvas para a produção
de energia. Qualquer problema nas linhas de transmissão ou em época
seca, o governo acaba recorrendo às termicas movidas a combustíveis
fósseis para garantir a geração.
Essas medidas apenas remediam o problema, já que a matriz brasileira,
hoje baseada no binômio hidrelétricas-térmicas, pode ser mais
equilibrada com planejamento a longo prazo, aumentando a participação de
fontes renováveis. Descentralizar a matriz elétrica, segundo Renata
Nitta, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, “é produzir energia
próximo dos centros consumidores, diminuindo a necessidade de grandes
linhas de transmissão correndo o país e minimizando a ocorrência de
novos apagões como o da última semana”.
As fontes renováveis, em contrapartida, começam a ganhar espaço no
cenário brasileiro, e podem ser os pivôs da descentralização energética
no Brasil. A energia solar, por exemplo, começa a receber incentivos
significativos: A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou a
resolução normativa 482/2012,
que torna os consumidores igualmente produtores de energia, mas ainda
faltam incentivos para reduzir o custo destes equipamentos.
A partir de placas solares instaladas na residência, toda energia
gerada é abatida da conta de luz. Gerar energia em diferentes domicílios
descentraliza a produção energética, garantindo mais segurança e mais
luz ao cidadão.
Desnecessário
As térmicas utilizadas para complementar a geração utilizam de
combustíveis fósseis como o carvão, óleo combustível, gás e diesel,
fontes impactantes ao meio ambinete, com emissões de gases de efeito
estufa até vinte vezes maiores que a sistemas fotovoltaicos. O governo
erra e apenas tapa o sol com a peneira ao cobrir a instabilidade das
hidrelétricas com a produção de térmicas. “Não faz mais sentido investir
em energias do passado com tanto potencial em vento, sol e biomassa que
o Brasil tem”, defende Renata Nitta, da campanha de Clima e Energia do
Greenpeace.
Os últimos leilões de energia já mostram que as renováveis tem
competitividade suficiente para aumentarem a participação na produção de
energia. Tanto o leilão A-5, onde 647 MW de energia de térmica a
biomassa foram comercializados, quanto o leilão A-3, específico para
eólica, que garantiu mais 1,5 GW, mostram o potencial real de
crescimento de fontes limpas no pais.
As fontes eólica e solar já estão confirmadas para os próximos dois
leilões do governo em novembro e dezembro. “As renováveis já são uma
realidade para complementar e diversificar a matriz elétrica, além do
preço elas são seguras para utilizarmos como fontes de base da nossa
geração. Nosso relatório [R]evolução Energética mostra que até 2040 já
podemos ter nossa matriz completamente livres de fontes fósseis, basta
incentivos adequados e planejamento”, completa Nitta.
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