A Secretaria Estadual de Cultura reabre amanhã (29), após quatro anos
em reforma, a Biblioteca Parque Estadual (BPE), cuja criação inicial se
deve ao imperador dom Pedro II, em 1873, como Biblioteca do Rio de
Janeiro.
Localizada no centro da capital fluminense, a unidade terá
capacidade para abrigar um acervo de mais de 200 mil livros em seus 15
mil metros quadrados. A previsão é que ela atenderá a um público
estimado em 1,5 milhão de pessoas por ano.
O prédio principal terá um auditório com capacidade para 90 pessoas,
batizado com o nome do antropólogo Darcy Ribeiro que, na década de 80,
quando ocupava o cargo de secretário de Cultura, decidiu modernizar a
instituição, que havia passado por diversos endereços e sofrido um
incêndio. Darcy Ribeiro construiu o atual prédio, a partir de um
concurso de arquitetura presidido por Oscar Niemeyer. O edifício foi
agora modernizado e ampliado, totalizando investimentos no valor de R$
71 milhões.
A superintendente de Leitura e Conhecimento da secretaria, Vera
Saboya, disse que essa é a biblioteca mais importante do estado, “porque
é a cabeça da rede de bibliotecas parque, que são voltadas a um
determinado território”. Lembrou que Darcy Ribeiro, já naquela época,
tinha uma concepção moderna de biblioteca e sonhava com a integração
daquele espaço com a natureza. A ideia do então secretário de Cultura
era que a biblioteca fosse um espaço não só para pesquisa e para os
estudantes, mas para a criação e produção cultural. “Hoje, a gente tem
meios muito eficientes para isso”, acrescentou a superintendente.
Vera destacou o papel da BPE na formação dos cidadãos do Rio. Por
meio dessa unidade, o governo fluminense poderá oferecer à população
cursos e laboratórios de desenvolvimento não só na parte editorial e da
escrita, mas também em todo tipo de arte digital em cinema, fotografia e
música. “Ela serve também para atender e formar, por exemplo,
mediadores de leitura e mediadores culturais que trabalham no interior
do estado. A biblioteca tem um papel de fato estadual, porque embora
esteja na capital, ela fortalece a rede inteira do estado”.
A BPE terá um teatro com 140 lugares, que recebeu o nome do autor e
diretor teatral Alcione Araújo, além de uma biblioteca infantil, salas
multiuso para laboratórios, estúdios de som, cafeteria e restaurante, e
um bicicletário com 40 vagas. O espaço é sofisticado do ponto de vista
tecnológico. “Tem um wi-fi de 100 megas, 200 computadores para
os frequentadores usarem, inclusive com internet livre, embora com
alguns filtros”. Vera Saboya informou que a ideia é que os estúdios de
gravação possam abrigar programas de incubadoras de jovens músicos do
estado. para que possam se desenvolver. Já os laboratórios têm como
missão criar vários núcleos editoriais pela capital e o interior.
A unidade tem dois eixos programáticos: educativo e cultural. Mas
ambos têm uma transversalidade com a sustentabilidade, cujo programa foi
estabelecido pelo Instituto de Estudos do Trabalho da Sociedade (Iets),
que visa a tornar a BPE centro de referência também na área da educação
ambiental. Além de ecotelhados, que resfriam o prédio, a BPE tem
células fotovoltaicas que permitirão a economia de energia, a
reutilização da água pluvial para caixas de descarga, o uso de madeira
certificada e a criação das fórmicas do mobiliário com garrafas Pet.
A Secretaria Estadual de Cultura quer que a BPE seja a primeira
unidade na América Latina a alcançar a Certificação Leed (Leadership in
Energy and Environmental Design) na categoria Gold (Ouro). Essa
certificação é dada para edificações cujo projeto garante elevado
desempenho dos sistemas prediais e internos em termos de ambiente
saudável, locais de trabalho produtivos, baixo custo de manutenção e
operação e redução dos impactos ambientais, informou a assessoria de
imprensa do órgão.
A BPE será administrada pela Organização Social Instituto de
Desenvolvimento e Gestão e passará a ser a matriz da rede de
bibliotecas que o governo fluminense está implantando no estado. Até
agora, a rede inclui as bibliotecas parque de Manguinhos, de Niterói e
da Rocinha. Ainda este ano, a meta é inaugurar uma unidade no Complexo
do Alemão. Fazem parte ainda da programação de novas bibliotecas parque
a unidade da Mangueira, já em construção, e as de São Gonçalo e Lins de
Vasconcelos.
A Secretaria de Cultura pretende ainda implementar mais duas
bibliotecas parque na região metropolitana e uma em cada região do
estado. Outras unidades estão em estudo nos municípios de Paracambi,
Teresópolis e Paraty e na Cidade de Deus, na zona oeste da capital.
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