Estudo lançado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia –
Imazon aponta que áreas que perderam ou tiveram a proteção legal
reduzida apresentam aumento de desmatamento. Para isso, o estudo avaliou
dez das 40 áreas que sofreram alteração entre 1995 e 2013 pelo governo
federal e pelos governos estaduais de Rondônia, Mato Grosso e Pará.
Resultado: cinco anos após a redução, o desmatamento aumentou em média
50% em comparação com os cinco anos anteriores à perda de proteção.
Entre ampliações, reduções e revogações, o balanço final foi a perda
líquida de 2,5 milhões de hectares em 38 Áreas protegidas. As principais
justificativas foram ocupações, em 74% dos casos, e instalação de
projetos hidrelétricos, em 42%. A construção de hidrelétricas e
estradas, além de políticas que facilitam a ocupação ilegal de terras
públicas na região sugerem que novas alterações podem ocorrer, o que
aumenta ainda mais o risco de desmatamento em Áreas Protegidas (APs).
Elis Araújo, advogada e co-autora do estudo Desmatamento em Áreas
Protegidas Reduzidas na Amazônia, explica um processo típico de redução
de proteção. A demora em tirar ocupantes ilegais das APs e a impunidade
dos crimes ambientais como o desmatamento e exploração ilegal de madeira
permitem a expansão e o adensamento das ocupações, chegando a formação
de vilas de moradores. Daí, os ocupantes conseguem apoio político para
as reduções das áreas protegidas. Esse foi o caso da Floresta Nacional
de Bom Futuro, em Rondônia, que teve o nível de proteção reduzido em 144
mil hectares do seu território no ano de 2010 por conta de invasões.
O estudo alerta para a necessidade de combater o desmatamento
especulativo comum no começo da ocupação. Esse desmatamento é usado
apenas para demonstrar a posse da terra com a esperança de vendê-la ou
conseguir um título depois. Além disso, é preciso acelerar a
regularização da situação nas áreas já ocupadas, evitando que novos
desmatamentos aconteçam. Sem estas ações efetivas, a pressão para
reduzir outras áreas aumenta.Hoje já existem projetos de lei para
retirar a proteção legal de cerca de 3,2 milhões de hectares de nove APs
na Amazônia, todos eles alegando ocupação do território.
“Mostramos também que a construção de hidrelétricas na Amazônia tem
levado a redução de áreas protegidas e pode afetar outras”, continua
Elis. Os projetos hidrelétricos do rio Madeira e do Tapajós motivaram a
desafetação de áreas nos Estados de Rondônia e Pará. Segundo o
Ministério de Minas e Energia, 39% do potencial de geração de energia
hídrica teria interferência direta em parques e florestas nacionais e em
Terras Indígenas. “Hidrelétricas atraem grandes movimentos migratórios,
então não somente a área onde o projeto será construído é desafetada e
desmatada, mas deve-se considerar o desmatamento indireto causado”.
Nesse caso, se for inevitável desafetar a área para construção de
hidrelétricas, o estudo recomenda que haja compensação, ou seja, dar
proteção a uma área de mesmo tamanho e relevância em biodiversidade da
área que foi desafetada, por meio criação ou ampliação de Áreas
Protegidas.
Confira aqui o estudo completo.
Fonte:CarbonoBrasil.
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