Números do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), associação sem fins lucrativos
mantida por um grupo de grandes empresas brasileiras, mostram que nosso
país está avançando na reciclagem, atingindo índices satisfatórios em
alguns segmentos, mas deixando a desejar em outros: 96,2% da produção
nacional de latas de alumínio; 47% da resina PET; 45% das embalagens de
vidro; 29% das latas de aço; 23% das 46 mil toneladas de embalagens
longa vida pós-consumo; e 20% dos plásticos.
Nesses itens, estamos à frente de numerosas nações, como nas garrafas
de PET, ou razoavelmente inseridos nas médias mundiais. Entretanto, há
um aspecto particularmente preocupante: reciclamos apenas 3% do lixo
sólido orgânico urbano. Evoluir nesse item específico é importante para a
melhoria do meio ambiente, ganhos econômicos na produção e também no
aspecto social, contemplando, assim, as três vertentes do mais
contemporâneo conceito de sustentabilidade.
Vale lembrar que a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS) definiu o conceito de “rejeito” da seguinte
maneira: somente podem ser assim caracterizados os materiais que, depois
de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. A
fração orgânica dos resíduos domiciliares corresponde entre 48% e 55% do
total do resíduo domiciliar gerado. Para uma produção anual de
aproximadamente 64 milhões de toneladas de resíduos, temos então mais de
30 milhões de toneladas de resíduos orgânicos que não são ainda
tecnicamente rejeitos e que, por isso, vãoin natura para os aterros e
lixões no País.
Há que se resolver isso, cumprindo-se metas até 2030, o que parece
tempo suficientemente longo para tal. Não é! As grandes cidade ou
consórcios das pequenas e médias terão de iniciar já a implantação dos
respectivos Planos de Gestão,
ou irá pairar a ameaça de validação da máxima que não somos afeitos ao
cumprimento de metas, ou, em outras palavras, a assumirmos
responsabilidades públicas.
O trabalho das cooperativas é importante, mas não é suficiente para
atender à gigantesca demanda. Em 2012, registrou-se um aumento de 1,3%
na geração per capita de resíduos. No mesmo período, segundo o IBGE, o
número de habitantes aumentou apenas um por cento.
Conclui-se, portanto, que a inclusão social nos últimos dez anos e a
maior renda estão fazendo com que o incremento do consumo (e, portanto, a
geração de resíduos) fique acima da expansão demográfica. Otimo!
Entretanto, precisamos atender com eficácia a essa demanda ambiental.
Para isso, o grande salto é o Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos, cuja implantação, contudo, está atrasada em pelo menos
metade dos 5.564 municípios brasileiros. Aliás, o descumprimento de
cronograma relativo à execução do plano já comprometeu definitivamente a
erradicação dos lixões em todo o País até 2014, como estava
originalmente previsto na Política Nacional relativa ao tema (Lei nº
12.305). O que será feito?
Com o atraso do programa, não só estamos postergando um processo
capaz de melhorar muito o meio ambiente, como também retardando o
crescimento da reciclagem. Ao invés de um círculo virtuoso de coleta de
resíduos sólidos, seletividade, encaminhamento para aterros sanitários
modernos e adequados e reciclagem em grande escala, estamos mantendo o
círculo vicioso da letargia.
Ariovaldo Caodaglio, cientista social,
biólogo, estatístico e pós-graduado em meio ambiente, é presidente do
SELUR (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).
Fonte: Mercado Ético.
CEPRO –
Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda
Casimiro de Abreu, 292, Bairro Nova Esperança - centro
Rio das
Ostras
Tel.:
(22) 2771-8256 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Comunidade
no Orkut:
Nenhum comentário:
Postar um comentário