Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos afirma que
podemos estar presenciando um processo de perda de biodiversidade em
grande escala causado pela poluição, acidificação, pesca predatória e
aquecimento das águas.
Não é novidade que diversas ameaças estão colocando em risco os
ecossistemas marinhos, mas o novo alerta do Programa Internacional sobre
o Estado dos Oceanos (IPSO, em inglês) afirma que, se nada for feito,
veremos inevitavelmente o desaparecimento de muito da biodiversidade
marinha e sofreremos severos prejuízos econômicos e de segurança
alimentar.
O IPSO reúne alguns dos mais conhecidos pesquisadores marinhos do
mundo e é sediado na Universidade de Oxford; sua análise da situação dos
oceanos, conduzida em parceria com a União Internacional para
Conservação da Natureza (IUCN), é feita a cada dois anos e resume o que
de mais relevante foi publicado em periódicos científicos.
Essa nova coletânea, dividida em cinco artigos divulgados nesta
terça-feira (3), destaca que a queda dos níveis de oxigênio, o aumento
da temperatura das águas e a acidificação – fenômenos causados pelas
mudanças climáticas -, combinados com a poluição química e a pesca
descontrolada, estão minando a habilidade do oceano de suportar as
chamadas pertubações de carbono, e colocando em risco todo o nosso modo
de vida.
“A saúde do oceano está em uma espiral de queda a uma velocidade
muito maior do que pensávamos. Estamos vendo grandes mudanças
acontecendo rapidamente, e os efeitos são muito mais iminentes do que o
antecipado. A situação é de grande preocupação para todos, já que cada
um de nós será afetado pelas alterações na habilidade do oceano de
suportar a vida na Terra”, afirmou Alex Rogers, do Departamento de
Biologia de Oxford, e um dos autores do novo relatório (veja vídeo).
Os pesquisadores apontam que os oceanos estão mais ácidos agora do
que jamais estiveram nos últimos 300 milhões de anos por causa das
emissões de dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis. Um dos
efeitos mais devastadores da acidificação é a morte de corais, que são
essenciais para a vida marinha.
O IPSO destaca que a taxa de absorção de carbono dos oceanos está
atualmente dez vezes mais rápida do que no último evento de extinção em
massa, que aconteceu há 55 milhões de anos.
O pH dos oceanos está 0,1 abaixo de qualquer nível registrado antes
da Revolução Industrial, e é esperado que caia outros 0,4 até 2100.
A previsão é de que, com essa queda, associada a uma elevação de 2oC
na temperatura média do planeta, os corais parem de crescer. Esse é um
cenário altamente provável se as concentrações de dióxido de carbono
equivalente chegarem a 450 partes por milhão. Em maio deste ano foi
quebrada a marca das 400ppm pela primeira vez desde que o homem existe.
Caso essa concentração ultrapasse as 560ppm, e o aquecimento do
planeta for maior do que 3oC, o IPSO estima que os corais irão
literalmente dissolver e desaparecer.
“A acidificação atual é sem precedentes na história conhecida da
Terra. Estamos entrando em um território desconhecido de mudanças no
ecossistema marinho e expondo organismos a uma pressão evolucionária
intolerável. A próxima extinção em massa pode já ter começado”, afirma
um dos artigos.
Com relação à queda do nível de oxigênio, o IPSO aponta que a
concentração média pode cair até 7% neste século, devido à poluição por
dejetos e também pelo escoamento dos fertilizantes utilizados na
agricultura para o mar.
Os impactos da falta de oxigênio são variados, mas incluem a
compressão de habitats dos grandes predadores e eventos com a morte de
cardumes com milhares de peixes que entram em zonas de baixa presença de
O2. Fenômenos assim já foram registrados em 2006, 2007 e 2008.
O número dessas zonas de baixo oxigênio tem dobrado a cada dez anos, e
estão concentradas perto de áreas de ocupação humana, como o Mar Negro,
na Eurásia, e a Baia de Chesapeake, na América do Norte.
Para a pesca, o IPSO projeta uma situação que ameaça a segurança
alimentar da humanidade. Citando números da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), os pesquisadores afirmam
que 70% das populações de peixes comerciais estão sendo super exploradas
e já registram uma queda de 30% em termos de biomassa total.
Além
disso, a questão da pesca deve ser ainda pior, uma vez que é estimado
que 35% da atividade ainda não é controlada e não aparece na
contabilização de danos aos ecossistemas.
O estudo detalha o exemplo do Bahaba taipingensis (foto ao lado), uma
espécie que foi apenas descrita em 1930 e que em 70 anos já está
criticamente ameaçada por causa da sobrepesca na China.
Ainda, de acordo com a FAO, 60% dos países estão falhando em colocar
em prática leis que garantam a sustentabilidade da pesca, e nenhum pode
ser considerado um bom exemplo. Mesmo nações que costumam se destacar em
questões ambientais, como Noruega e Japão, não são modelos quando o
assunto é pesca.
Recomendações
O IPSO pede que os governos façam tudo o que puderem para limitar a concentração de GEE na atmosfera a 450ppm.
Além disso, a entidade quer a implementação de medidas de gerenciamento dos oceanos.
Entre essas ações estariam a retirada de estímulos para atividades
que incentivam a pesca predatória ou que agravam o aquecimento global,
como os subsídios aos combustíveis fósseis e o financiamento dos
equipamentos mais destrutivos da pesca industrial.
Também seria necessário o estabelecimento de uma estrutura de
governança para os oceanos, incluindo um acordo para a conservação e
para o uso sustentável da biodiversidade sob a Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).
“As pessoas simplesmente não sabem o quão relevante é o papel dos
oceanos para o sistema terrestre. O fitoplâncton produz 40% do oxigênio
da atmosfera e 90% da vida está nos mares. Além disso, por serem tão
vastos, existem áreas do oceanos que ainda nem estudamos”, concluiu
Rogers.
Fonte: CarbonoBrasil.
CEPRO – Um
Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda Casimiro de Abreu, 292, Bairro Nova
Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22)
2771-8256 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Comunidade no
Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário