Seca severa atingiu a Amazônia em 2005. Milhares de peixes morreram no
leito do rio Manaquiri, a 150 km de Manaus. (©Greenpeace/Ana Claudia
Jatahy)
Relatório da IEA mostra que as emissões globais de gases estufa
aumentaram 1,4% em 2012. Governos de todo o mundo precisarão tomar duras
medidas e investir pesado em eficiência energética e em energias
renováveis.
O mais recente relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), Redrawing the Energy-Climate Map (em
português, “Redesenhando o mapa do clima e da energia”), aponta que é
possível manter o aquecimento global no patamar de "apenas" 2oC
acima do registrado antes da Revolução Industrial. Em 2012, as emissões
globais de gases estufa aumentaram em 1,4% e a necessidade de
diminuí-las coloca um bode na sala: exige duras medidas por parte dos
governos e investimentos pesados em eficiência energética e em energias
renováveis. E o Brasil deixa a desejar em ambos.
Segundo a agência, para minimizar os danos futuros são necessárias
medidas urgentes - e energia é o tema-chave do controle do aquecimento
global. O setor é responsável por cerca de dois terços das emissões
mundiais de gases-estufa, uma vez que mais de 80% do consumo global de
energia é baseado em combustíveis fósseis.
Em maio, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera ultrapassaram 400 ppm (partes por milhão) pela primeira vez em
milênios. A ciência mostra como o clima está mudando, e indica que
devemos nos preparar para eventos climáticos extremos, como tempestades e
ondas de calor, com mais frequência e intensidade, se não mudarmos a
forma de gerar energia.
O Brasil vai na contramão da discussão levantada pela agência. Um
exemplo é a promessa, para os próximos meses, de um leilão de energia no
qual concorrerão usinas de carvão pela primeira vez em três anos. E
isso quando todo o potencial em renováveis, especialmente solar,
biomassa e eólica, mal começou a ser explorado no país. Não é à toa que o
setor de energia no Brasil apresentou um crescimento nas emissões de
gases-estufa de 21,5% entre 2005 e 2010.
O Brasil precisa seguir práticas mais limpas de produção de energia,
com mais leilões de fontes renováveis, e mais programas de eficiência
energética. Cerca de 10% dos 430 TWh (terawatt-hora) consumidos no país a
cada ano são desperdiçados, representando a polpuda soma de R$ 15 bi.
Trabalhar com energias renováveis e eficiência não apenas é
necessário como também possível em um país que tem um enorme potencial
em sol, vento e biomassa ainda pouco aproveitado. “São oportunidades de
desenvolvimento tecnológico, criação de empregos verdes e de crescimento
sustentável para o país que é uma das maiores potências econômicas
mundiais”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e
Energia do Greenpeace.
Alcançar a meta proposta pela Agência Internacional de Energia não é
apenas uma necessidade ambiental mas também econômica. "O mundo opta por
economizar US$ 1,5 trilhão em investimentos de baixo carbono
argumentando que é um valor muito elevado, mas após 2020 serão
necessários mais US$ 5 trilhões em investimentos adicionais para tentar
reverter a situação", explica Baitelo.
Fonte: greenpeace.org.br
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