segunda-feira, 10 de junho de 2013

A opção do Brasil

Seca severa atingiu a Amazônia em 2005. Milhares de peixes morreram no leito do rio Manaquiri, a 150 km de Manaus. (©Greenpeace/Ana Claudia Jatahy)

Relatório da IEA mostra que as emissões globais de gases estufa aumentaram 1,4% em 2012. Governos de todo o mundo precisarão tomar duras medidas e investir pesado em eficiência energética e em energias renováveis. 

O mais recente relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), Redrawing the Energy-Climate Map (em português, “Redesenhando o mapa do clima e da energia”), aponta que é possível manter o aquecimento global no patamar de "apenas" 2oC acima do registrado antes da Revolução Industrial. Em 2012, as emissões globais de gases estufa aumentaram em 1,4% e a necessidade de diminuí-las coloca um bode na sala: exige duras medidas por parte dos governos e investimentos pesados em eficiência energética e em energias renováveis. E o Brasil deixa a desejar em ambos.

Segundo a agência, para minimizar os danos futuros são necessárias medidas urgentes - e energia é o tema-chave do controle do aquecimento global. O setor é responsável por cerca de dois terços das emissões mundiais de gases-estufa, uma vez que mais de 80% do consumo global de energia é baseado em combustíveis fósseis.

Em maio, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapassaram 400 ppm (partes por milhão) pela primeira vez em milênios. A ciência mostra como o clima está mudando, e indica que devemos nos preparar para eventos climáticos extremos, como tempestades e ondas de calor, com mais frequência e intensidade, se não mudarmos a forma de gerar energia.

O Brasil vai na contramão da discussão levantada pela agência. Um exemplo é a promessa, para os próximos meses, de um leilão de energia no qual concorrerão usinas de carvão pela primeira vez em três anos. E isso quando todo o potencial em renováveis, especialmente solar, biomassa e eólica, mal começou a ser explorado no país. Não é à toa que o setor de energia no Brasil apresentou um crescimento nas emissões de gases-estufa de 21,5% entre 2005 e 2010.

O Brasil precisa seguir práticas mais limpas de produção de energia, com mais leilões de fontes renováveis, e mais programas de eficiência energética. Cerca de 10% dos 430 TWh (terawatt-hora) consumidos no país a cada ano são desperdiçados, representando a polpuda soma de R$ 15 bi.

Trabalhar com energias renováveis e eficiência não apenas é necessário como também possível em um país que tem um enorme potencial em sol, vento e biomassa ainda pouco aproveitado. “São oportunidades de desenvolvimento tecnológico, criação de empregos verdes e de crescimento sustentável para o país que é uma das maiores potências econômicas mundiais”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Alcançar a meta proposta pela Agência Internacional de Energia não é apenas uma necessidade ambiental mas também econômica. "O mundo opta por economizar US$ 1,5 trilhão em investimentos de baixo carbono argumentando que é um valor muito elevado, mas após 2020 serão necessários mais US$ 5 trilhões em investimentos adicionais para tentar reverter a situação", explica Baitelo.

Fonte: greenpeace.org.br



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