Inesperada, intempestiva, não anunciada, assim se
apresenta a indignação. Vimos isso em Túnis, no Egito, na Islândia, no Estado
espanhol, mais recentemente na Turquia e, agora, no Brasil. A estela indignada
surpreendia a todos e hoje se repete na história com o pipocar social
brasileiro.
O ciclo de protesto inaugurado com as revoltas no
mundo árabe continua em aberto. E, apesar de que todos esses processos de
mudança, de emergência do mal estar dos de baixo, partilham elementos em comum,
não são cópia e nem decalque. Cada um deles responde às suas próprias
particularidades, contextos, experiências... e, assim, escreverão sua história.
No entanto, é inegável uma dinâmica de contaminação mútua, e mais ainda em um
mundo globalizado, fortemente conectado e com o papel chave e propulsor das
redes sociais e dos meios de comunicação.
A indignação expressa nesses dias no Brasil significa
sua entrada no continente latino-americano referência das lutas sociais
recentes contra o neoliberalismo e o imperialismo. Apesar de que os protestos
de massa de estudantes no Chile, em 2011, já demonstravam a saturação da
juventude para com uma classe política subordinada aos interesses dos mercados.
O atual protesto brasileiro, porém, com todas as suas particularidades,
reproduz e, ao mesmo tempo, reinventa discursos, uso de ferramentas 2.0,
atores... do ciclo de protesto indignado global.
Os jovens das grandes cidades, esquecidos da política
nas altas esferas são os que, uma vez mais, encabeçam a luta. Na maioria, não
organizados, muitos deles expressam por primeira vez seu descontentamento
tomando as ruas, ocupando o espaço público e fazendo sua voz ser escutada. O
que começou como um protesto contra o aumento abusivo das tarifas do transporte
público, em um dos países com as taxas mais altas em comparação com os salários
populares, derivou em uma mobilização cidadã sem precedentes, a mais importante
na história recente do país.
A corrupção, a desigualdade, os péssimos serviços
públicos, os grandes eventos e as infraestruturas faraônicas que esvaziam os
cofres públicos... são somente algumas das causas. Há também o desgosto com uma
classe política que blinda as práticas corruptas, surda e indiferente às demandas
sociais, com banqueiros e tecnocratas viciados na usura e no roubo,
conservadores religiosos no poder, que ditam leis para "curar homossexuais”, em
uma cruzada contra as liberdades sexuais e reprodutivas; e latifundiários
assassinos de povos indígenas e ecologistas. Descontentamento latente que,
finalmente, explode.
Ante tal mobilização social, as autoridades de dezenas
de cidades, entre elas o Rio de Janeiro e São Paulo, tornaram sem efeito o
aumento nas passagens de ônibus. A resposta oficial, porém, chegava tarde. Como
antes em Sidi Bouzid (Túnis) ou Taksim (Turquia), a mecha já havia sido acesa. O
que começou como uma expressão de raiva ante uma injustiça conectou-se a um mal
estar muito mais profundo. E o medo começou a mudar de lado. Ficou demonstrado
que a indignação é patrimônio da humanidade. Agora é a vez do Brasil. Quem será
o seguinte?
Fonte: Adital
CEPRO – Um
Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda Casimiro de Abreu, 292, Bairro Nova
Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22)
2771-8256 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Comunidade no
Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário