da Agência Brasil
Há 50 anos, Arminda Villa-Lobos, a “Mindinha”, criava
um festival de música para reverenciar a obra de seu marido, o
compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e a de outros importantes
mestres da música brasileira, não só a de concerto mas também a popular.
Até seu falecimento, em 1985, Mindinha esteve à frente do Museu
Villa-Lobos, fundado em 1960, e também do Festival Villa-Lobos, que
agora chega ao seu cinquentenário com uma ampla agenda de concertos e
outros eventos durante 17 dias a partir da próxima sexta-feira (9).
São cerca de 60 atrações em diversos locais da cidade do Rio de
Janeiro, quase todas com entrada franca ou a preços populares. Para
contemplar as variadas vertentes da música brasileira, a programação foi
dividida em 14 séries. Cada uma batizada com um título, elas abrangem
concertos sinfônicos, camerísticos e de coral, espetáculos de música
popular, recitais, oficinas, mostra de filmes, contação de histórias e
um concurso de música de câmera.
Para o coordenador artístico do festival, Marcelo Rodolfo, o
ecletismo da programação do cinquentenário não é estranho à natureza do
evento. “O Festival Villa-Lobos é a grande celebração da música
brasileira, porque reúne diferentes gerações, estilos e formações. Ao
longo de sua existência, soma mais de 3 mil atrações e, no ano passado,
690 músicos apresentaram-se para um público de 14 mil pessoas”, disse.
Na noite de abertura, nesta sexta-feira, a série Movimento de Câmera vai
reunir no Museu Villa-Lobos, em Botafogo, na zona sul do Rio, às 20h, o
violoncelista Hugo Pilger e a pianista Lucia Barrenechea, apresentando
obras de Villa-Lobos, Francisco Braga, Tchaikovsky, Fauré e outros
compositores. O concerto dará ao público a oportunidade de ouvir o
violoncelo que pertenceu ao próprio Villa-Lobos, recentemente restaurado
e que será tocado por Pilger.
Na mesma noite, em outro local, o Centro Cultural Carioca, na Praça Tiradentes, no centro, a série Encontro de Gerações traz,
às 22h, o Nivaldo Ornelas Quarteto (Nivaldo Ornelas, saxofone e
flauta; Alberto Chimelli, teclados; Augusto Mattoso, baixo e Paulo
Braga, bateria), tendo como convidada a tecladista Délia Fischer.
Um dos destaques da programação são os quatro concertos que
comemoram os 50 anos do Quinteto Villa-Lobos, cuja história se confunde
com a do próprio festival. O primeiro deles, no sábado (10), às 20h, no
Theatro Municipal, faz parte da série Música sem Fronteiras e terá a participação, pela primeira vez no festival, do cantor e compositor Edu Lobo. No roteiro do show, entre outras músicas, a versão de O Trenzinho Caipira gravada por Edu em 1978, unindo a música de Villa-Lobos à poesia de Ferreira Gullar.
Os outros concertos do Quinteto Villa-Lobos serão sinfônicos (dias
18, no Theatro Municipal, e 22, na Escola de Música da UFRJ) e de câmera
(dia 13, no Museu Villa-Lobos).
A organização do festival não deixou passar em branco a comemoração,
em 2012, de outras datas significativas para a música brasileira. Entre
elas, os centenários de nascimento de Luiz Gonzaga, do maestro Eleazar
de Carvalho, os 90 anos do compositor erudito Gilberto Mendes e os 70
anos do sambista e compositor Paulinho da Viola. Este último será
homenageado no dia 24, às 20h, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico,
com um show que reunirá o violonista Paulão Sete Cordas e os sambistas
Monarco e Teresa Cristina, entre outros músicos.
Na série Responsabilidade Social, artistas vinculados a
projetos sociais apresentam-se no dia 13, às 15h, na Escola de Música da
Rocinha, e no dia 22, às 10h, no Espaço Criança Esperança, no
Cantagalo. As duas são comunidades pacificadas da zona sul carioca. “É
importante haver essa via de mão dupla, para que os jovens das
comunidades não apenas tenham acesso à cultura, mas também possam
mostrar sua arte”, diz Andréa Dutra, diretora da Sarau, produtora do
festival.
A programação completa do evento está disponível no site www.festivalvillalobos.com.br .
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