Consultoria aponta que a intensidade de carbono na economia
mundial só foi reduzida em 0,7% em 2011 e que se essa taxa não for
elevada para 5,1% ao ano pelas próximas quatro décadas ultrapassaremos
em muito a temperatura máxima recomendada por cientistas.
Os
governos são lentos. As negociações climáticas engatinham. Ações
nacionais são pontuais e esporádicas. Estes problemas já são bem
conhecidos de quem acompanha o noticiário sobre as mudanças climáticas,
mas não é sempre que é possível provar estes fatos com números.
Este
é o grande mérito do Low Carbon Economy Index 2012, elaborado pela
consultoria PwC, e que traz o grave alerta de que a meta recomendada por
cientistas de se manter o aquecimento global em menos de 2ºC está
praticamente impossível de ser alcançada. Ao invés disso, os
compromissos assumidos até agora pelos líderes mundiais apontam que até o
fim deste século estaremos vivendo em um planeta 6ºC mais quente.
Segundo
o Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), uma elevação
dessa magnitude nas temperaturas significa o aumento dramático da
frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, a extinção de
milhares de espécies e drásticas transformações no nosso modo de vida.
“A
realidade é muito mais desafiadora do que se pensava. Mesmo dobrando
nossas atuais metas de descarbonização, ainda assim veríamos uma
aquecimento de 6ºC em 2100. Parece altamente improvável que os governos
consigam realmente manter o limite de 2ºC”, afirmou Jonathan Grant,
diretor de sustentabilidade da PwC.
Para alcançar os 2oC, a
consultoria afirma que seria preciso reduzir a intensidade de carbono na
economia mundial em 5,1% ao ano durante os próximos 39 anos, algo que
jamais foi realizado.
Mesmo com um ano marcado pela crise
internacional, que resultou na queda da produção industrial, a
descarbonização da economia não foi muito significativa em 2011.
“Constatamos
que no ano passado a intensidade de carbono caiu apenas 0,7%. É muito
pouco e muito tarde. Não se trata de alarmismo, é uma questão de
matemática. Estamos nos encaminhando para um território desconhecido, no
qual não sabemos que tipo de transformações e inovações tecnológicas
serão necessárias. De qualquer forma, vale destacar que continuar com o
modelo atual [business as usual] não é uma opção válida”, declarou Leo
Johnson, do departamento de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da
PwC.
Descarbonização
Em 2011, os países
europeus foram os que registraram as maiores quedas em sua intensidade
de carbono, com Reino Unido, Alemanha e França apresentando uma redução
maior do que 6%. Mas a principal razão para isso foi o inverno ameno,
que reduziu o consumo de energia, e, é claro, a crise econômica que
assola o continente.
Já os Estados Unidos apresentaram uma queda
de 3,9%, também graças ao inverno com temperaturas altas e ao
investimento na geração de energia com gás natural. A PwC sugere que o
cenário futuro norte-americano é promissor, principalmente se a nova
legislação de eficiência de combustível para automóveis for posta em
prática.
A Austrália aparece como a grande vilã do índice, com um
crescimento de 6,7% em sua intensidade de carbono em 2011 e um aumento
de 8,7% nas emissões relacionadas ao setor de energia devido ao uso
contínuo de termoelétricas à carvão.
Os países emergentes também
não aparecem muito bem. A China e a África do Sul seguem possuindo uma
relação entre carbono e PIB altíssima, com, respectivamente, 754
tC02/2011$m e 781 tC02/2011$m. A líder neste quesito é a Arábia Saudita,
com 817 tC02/2011$m.
O Brasil se destaca positivamente nesta
relação, com apenas 197tC02/2011$m graças à sua matriz hidrelétrica. O
país apresentou em 2011 uma queda de 1% em sua intensidade de carbono,
porém o percentual relacionado com a geração de energia aumentou em
1,7%. Durante a última década, a média brasileira foi de uma redução de
0,7% e a taxa anual necessária para até 2050 é estimada em -4,1%.
Com
menos de um mês para a Conferência do Clima de Doha (COP 18), no Catar,
fica claro que as nações terão que ser mais ambiciosas do que nunca na
busca de um acordo que limite as emissões e reverta o quadro apresentado
pelo Low Carbon Economy Index 2012.
“É preciso implementar
reduções da ordem das gigatoneladas por toda a economia, na geração de
energia, na eficiência, no transporte e na indústria. Também precisamos
estimular ferramentas como o REDD+ em países com grandes florestas”,
concluiu Grant.
Fonte: CarbonoBrasil.
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