segunda-feira, 2 de junho de 2014

Projeto leva cinema para escolas públicas do país

Inventar com a Diferença trabalha com o audiovisual a temática dos direitos humanos com 5.400 alunos do Brasil

Luz, câmera e… educação. O cinema passou a fazer parte da rotina escolar de aproximadamente 5.400 alunos do ensino fundamental e médio de todo o país. Com atividades que trabalham a temática dos direitos humanos a partir dos recursos audiovisuais, o projeto Inventar com a Diferença, promovido pela UFF (Universidade Federal Fluminense) em parceria com a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, capacita educadores de escolas públicas para trabalhar com vídeo na sala de aula e oferece ferramentas para os próprios alunos produzirem seus conteúdos.

O projeto começou a ser desenvolvido em janeiro deste ano. Durante os meses de janeiro e fevereiro, cerca de 500 professores participaram de uma capacitação. Guiados por mediadores regionais, eles aprenderam noções de audiovisual e receberam o material de apoio do Inventar com a Diferença, que traz propostas de exercícios para serem trabalhados nas oficinas, DVDs com trechos de filmes e dicas de sites com informações complementares e exemplos de exercícios. Após esse processo, em março começaram a ser realizadas as primeiras oficinas nas escolas.

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Foto: fergregory / Fotolia.com

“O cinema é uma ferramenta potente para os direitos humanos porque ele pode dar visibilidade para grupos e sujeitos que não seriam retratados em outros lugares”, contou Isaac Pipano, professor da UFF e um dos idealizadores do projeto. Segundo ele, a partir de elementos do audiovisual, é possível trabalhar com os estudantes formas de olhar para o outro, respeitando as suas singularidades. “É nesse lugar da diferença que a gente vê a possiblidade de valorizar os direitos humanos”, pontuou, ao fazer menção ao nome da iniciativa.

As atividades são desenvolvidas pelos estudantes a partir de pequenos exercícios, que, segundo Pipano, ajudam a desencadear processos de aproximação com o outro. Em um dos primeiros exercícios, os alunos precisam fazer um vídeo de um minuto em um plano fixo, captando o espaço a sua frente de forma semelhante às imagens feitas pelos Irmãos Lumièr, consideradas o marco inicial da história cinema. Em outras atividades, por exemplo, eles são estimulados a filmar pessoas desconhecidas com o objetivo de se aproximar do outro. De acordo com Pipano, o desenvolvimento dessas atividades ajuda os alunos a aumentarem a sua percepção do ambiente escolar. “O modo como eu percebo os espaços são formas de criar outros mundos.”

Para José Augusto Ribeiro, mediador do projeto na cidade de Bauru, muitos professores já possuem o hábito de passar filmes na sala de aula para trabalhar alguns conteúdos curriculares. No entanto, eles ainda não oferecem a possiblidade de os estudantes vivenciarem o outro lado do cinema, podendo desenvolver atividades práticas. “Apesar de os professores utilizarem o cinema como uma ferramenta pedagógica, eles ainda não têm o conhecimento de todos os recursos que podem utilizar”, afirmou.

Mais do que possuir uma câmera, um microfone ou um computador, o essencial para que o projeto aconteça é o engajamento de professores e alunos. Segundo Pipano, dentro desse contexto, o educador não deve trabalhar como aquele que leva o conhecimento, mas como aquele que propõe formas para os alunos refletirem. “É possível que a gente crie condições de igualdade para que os alunos e professores possam chegar ao conhecimento juntos”, contou Pipano, ao afirmar que o audiovisual oferece a possiblidades para ambos descobrirem juntos.

Na escola estadual Iracema de Castro Amarante, 34 alunos da oitava série estão participando do projeto. Segundo o professor de geografia Adalberto Caracho, a experiência tem motivado os estudantes. “Eu percebo que eles estão cada vez mais empolgados e o projeto traz resultados positivos”, contou, ao afirmar que os alunos já estavam acostumados a utilizar a câmera de seus aparelhos celulares, porém ainda não tinham tido a oportunidade de criar com equipamentos diferenciados.

O interesse do professor em participar do projeto surgiu por conta do seu envolvimento com o audiovisual. Além de dar aulas de geografia para turmas do ensino fundamental, ele também ministra aulas de fotografia fora da escola. “Sempre tive interesse por cinema e já costumava passar filmes para os alunos durante as minhas aulas para trabalhar conceitos da matéria, porém nunca tinha desenvolvido nenhuma atividade que os próprio alunos pudessem produzir”, contou. Segundo ele, ao trabalhar audiovisual com os alunos também é possível aumentar a percepção do espaço geográfico.

Fonte: O Porvir.


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