Apesar de todas as marcas alcançadas pelas fontes renováveis nos
últimos anos, com recordes de instalação sendo batidos com frequência, é
o carvão o combustível que mais está atendendo à demanda causada pelo
crescimento do consumo mundial de energia.
Essa é a constatação que faz a Revisão Estatística sobre a Energia Mundial em 2014 (BP Statistical Reviewof World Energy June 2014), publicada nesta segunda-feira (16) pela gigante britânica BP.
De acordo com o documento, o consumo de carvão cresceu 3,7% no último
ano, respondendo hoje por 30,1% da matriz energética mundial, a maior
taxa desde 1970. Porém, o ritmo de crescimento vem desacelerando, já que
a média da década foi de 9%.
Mesmo
a União Europeia, uma grande incentivadora do uso de energias
renováveis, está entre as regiões que aumentaram o uso do carvão no
último ano, importando uma quantidade maior dos EUA, onde o carvão tem
sido substituído pelo gás natural pelo fato deste último apresentar
preços menores nos últimos anos.
O dado que talvez possa ser comemorado é o de que os países
emergentes, em especial a China, que é a maior consumidora de carvão no
mundo, mostraram uma desaceleração no crescimento do uso. Em 2013, o
carvão respondeu por 67,5% da matriz chinesa, o valor mais baixo já
registrado. Mesmo assim, as emissões de gases do efeito estufa do setor
de energia da China subiram 4,2% em relação ao ano anterior.
O petróleo continua a ser o principal combustível mundial, tendo uma
participação de 33% no consumo global de energia. Nos últimos 14 anos,
contudo, tem perdido mercado, e essa porcentagem foi a participação mais
baixa desde que a BP começou a compilar esses dados, em 1965.
O relatório aponta que as fontes renováveis respondem hoje por 5% da
matriz mundial, sendo que o maior crescimento se deu na China, e em
seguida, nos Estados Unidos. O uso de fazendas eólicas para geração de
eletricidade aumentou 21% no último ano, e a energia solar cresceu ainda
mais rapidamente, 33%.
“Renováveis só conseguem avançar com subsídios. O grande desafio é
tornar essas tecnologias competitivas com relação aos combustíveis
fósseis – como vemos com a energia eólica em algumas partes dos EUA e
com os biocombustíveis no Brasil”, afirmou Bob Dudley, diretor executivo
do Grupo BP.
No total, o consumo de energia cresceu 2,3% em 2013, mais rapidamente
do que os 1,8% em 2012, mas abaixo da média dos últimos dez anos, 2,5%.
Os países emergentes responderam por 80% desse crescimento.
“Os dados nessa revisão mostram um sistema flexível de energia global
se adaptando a um mundo em transformação. Isso demonstra como a busca
do mundo por energia segura e com preço justo pode ser atingida através
de indústrias competitivas que levam à inovação e políticas de governo
inteligentes que amplifiquem a energia criativa”, disse Bob Dudley,
diretor executivo do Grupo BP.
Entretanto, Nick Stern, autor do famoso relatório Stern Review, não
se mostra tão otimista quanto ao panorama energético mundial, sugerindo
que a demora na substituição dos combustíveis fósseis por renováveis
pode intensificar ainda mais as mudanças climáticas.
“É extremamente importante entender as limitações severas dos modelos
econômicos padrão, que fizeram suposições que simplesmente não refletem
o atual conhecimento sobre as mudanças climáticas e seus possíveis
impactos na economia”, comentou ao jornal de Guardian.
Fonte:CarbonoBrasil.
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