A crise de falta d’água em São Paulo e outras cidades do Brasil deve
ser analisada com profundidade. Não estamos diante de um simples
problema de chuvas abaixo da média histórica. Estamos diante de uma
crise estrutural que requer uma reflexão profunda e mudanças de rumo na
maneira com que lidamos com o recurso mais precioso de que dispomos – a
água.
Diante desse cenário preocupante, será que o papel da Amazônia como
mega bomba d’água nacional está sendo adequadamente considerado no
Brasil? A resposta simples é: não. A maior parte dos formuladores de políticas públicas ainda desconhece o óbvio. A Amazônia tem um papel importantíssimo para o regime de chuvas de quase todo o território nacional, especialmente no sul, sudeste e centro-oeste do país.
As
florestas amazônicas processam a chuva que recebem do Oceano Atlântico e
retornam vapor d’água para a atmosfera. Essa umidade segue para o sul,
na forma de “jatos da baixa altitude” ou, na linguagem mais coloquial,
“rios voadores”. O vapor d’água transportado pelos rios voadores para
essas regiões precipita na forma de chuva quando encontra frentes frias
ou outras condições climáticas favoráveis.
Vale fazer um exercício mental simples: o que aconteceria se a
floresta amazônica fosse destruída em 30, 50 ou 100%? Uma tragédia.
Existem estudos científicos mostrando que a redução das florestas pelo
desmatamento alteraria o regime de chuvas de várias regiões do Brasil.
Obviamente, isso traria graves prejuízos para o abastecimento d’ água de
grandes cidades, para a produção agropecuária e a para a produção de
energia hidroelétrica. Não seria mais inteligente valorizar
economicamente os serviços ambientais providos pela floresta? Isso
contribuiria tornar a floresta mais valiosa em pé do que derrubada e com
isso reduzir o desmatamento – conceito que defendo há mais de uma
década.
Creio que deveríamos aproveitar a atual crise de abastecimento d’
água de São Paulo não apenas para conscientizar o restante do Brasil
sobre o papel da Amazônia nessa equação. Deveríamos ir além e propor
medidas práticas para valorizar economicamente a floresta. Necessitamos
de uma grande união de parlamentares, governos estaduais e lideranças da
sociedade civil da Amazônia na defesa
da valorização dos serviços ambientais providos pela Amazônia ao Brasil
e ao mundo. A crise d’água em São Paulo e em outras cidades brasileiras
cria uma circunstância favorável para isso.
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), ao longo de sua existência,
vem defendendo com apoio de diversos parceiros, como o Bradesco, a
valorização da floresta amazônica e de todo o seu potencial para o
desenvolvimento sustentável da região e sua contribuição para o
fornecimento de água para outras regiões do Brasil.
Publicado originalmente no site da revista Eco21.
CEPRO – Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura
em Rio das Ostras.
Alameda
Casimiro de Abreu , n° 292, 3º andar, sala 02 - Bairro Nova Esperança – centro
- Rio das Ostras
Tel.: (22) 2771-8256 e Cel 9807-3974
Tel.: (22) 2771-8256 e Cel 9807-3974
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com/
Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário