Estrada aberta para extração de madeira. Foto: Greenpeace/Marizilda Cruppe
A campanha Chega de madeira ilegal
mostrou como os sistemas de controle e fiscalização da exploração
madeireira adotados na Amazônia brasileira são falhos e permitem fraudes
que resultam na contaminação do mercado com madeira de origem
desconhecida e ilegal.
Identificar na floresta quais são os locais de exploração ilegal
é fundamental para frear a contaminação da produção sustentável de
madeira e impedir o desmatamento na sua origem. Porém, a exploração
ilegal que busca os melhores exemplares de cada espécie, semelhante a um
garimpo, é mais difícil de ser detectada, já que ela mantém algumas
árvores que têm valor comercial baixo, e não provoca aquela destruição
generalizada que é conhecida como corte raso.
Durante a pesquisa sobre madeira ilegal, o Greenpeace analisou
imagens do satélite Radarsat-2, fornecidas pela MacDonald Dettwiler and
Associates Ltd (MDA), com o objetivo de detectar e mapear mudanças na
cobertura florestal relacionadas à exploração de madeira.
As expedições terrestres e sobrevoos realizados nas aéreas apontadas
pelo Radarsat-2 confirmaram os alertas gerados e mostraram que a
utilização de imagens desse satélite para o monitoramento da exploração
madeireira pode contribuir com a fiscalização dos Planos de Manejo
Florestais e como sistema de alerta para identificar locais de
exploração ilegal.
O Radarsat-2 se diferencia dos demais por estar equipado com um
sensor de radar em que não existem interferências significativas de
condições atmosféricas, ou seja, que mesmo com nuvens consegue gerar
imagens de alta qualidade.
As imagens de satélite utilizadas pelo Deter – o sistema oficial de
detecção em tempo real do desmatamento do INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) –, por exemplo, não conseguem identificar os
desmatamentos em áreas cobertas por nuvens.
Para se ter uma idéia, no estado do Pará, que na medição mais recente
do Deter apresentou um alerta expressivo no desmatamento, 86% da área
do estado estava impossibilitada de qualquer análise por conta da
cobertura de nuvens. Já no Amazonas, a cobertura de nuvens atingia 89%
do estado.
Além disso, os satélites comuns também não conseguem identificar
desmatamentos menores do que 26 hectares, o que é um problema, pois
houve uma mudança na dinâmica do desmatamento: no lugar de grandes
áreas, como acontecia antigamente, hoje ele costuma ocorrer em áreas
pequenas e em faixas intercaladas de florestas, buscando justamente
burlar a detecção pelos satélites.
O Deter continua sendo importante para que os órgãos federais de
fiscalização saibam onde o desmatamento está ocorrendo e assim consigam
agir mais rapidamente. No entanto, essas limitações acabam sendo um
impeditivo para uma maior efetividade das ações de combate à degradação
causada para exploração ilegal de madeira, que é o primeiro passo para a
destruição total da floresta.
Desde 2010 que o Ministério do Meio Ambiente parou de monitorar a
degradação. Apesar da existência de tecnologia, até agora as imagens de
satélites equipados com radar não têm sido utilizadas pelos órgãos de
fiscalização. É hora de dar um salto para enfrentar o forte
ressurgimento do “garimpo” florestal, que cada vez mais vai longe dentro
da floresta em busca de espécies raras, como o Ipê, comprometendo a
floresta.
Fonte: greeenpeace.org.br
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