ANP permitirá uso da técnica de fraturamento em 12a Rodada de Licitações sem ter regulamentação ambiental
Terminou ontem a consulta pública realizada pela ANP (Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para a resolução
que estabelece os critérios para perfuração de poços seguida do emprego
do fraturamento hidráulico não convencional. A técnica que consiste na
perfuração de rochas de folhelho – mais conhecido como ‘xisto’ – para a
extração de gás natural poderá ser utilizada pelas empresas que ganharem
a 12a Rodada de Licitações. Mas o que está sendo pouco
discutido é que esta tecnologia envolve riscos ambientais sem que haja
uma regulamentação ambiental para o tema.
A ASIBAMA (Associação dos Servidores do Ibama), SINDIPETRO (Sindicato
dos Petroleiros) e FIST (Frente Internacional dos Sem-Teto) denunciaram
os impactos da fraturação, cobraram mais transparência da ANP e pediram
diálogo sobre o tema com a sociedade civil. A audiência aconteceu às
vésperas da 12a Rodada que acontecerá nos dias 28 e 29 de novembro.
Serão ofertados 240 blocos exploratórios localizados em 13 bacias
sedimentares diferentes que poderão ter seus recursos naturais
convencionais e não convencionais explorados. Segundo a própria ANP, a
resolução “tem como objetivo permitir que a atividade seja realizada de
forma segura, resguardando o meio ambiente, sobretudo as formações
hídricas.”
No entanto, diversas organizações ambientais, entre elas o
Greenpeace, identificaram problemas tanto no processo do leilão quanto
no uso da tecnologia que será utilizada. “Embora as primeiras
experiências com fracking datem da década de 1940, o uso em
larga escala desta tecnologia ocorreu apenas nos anos 2000 e seus
impactos ainda foram pouco estudados”, afirmou Ricardo Baitelo,
coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
As técnicas utilizadas têm resultado na contaminação de lençóis
freáticos devido às substâncias químicas utilizadas – mais de 600
produtos químicos, areia e outros elementos pouco testados – como bário e
arsênio. Além do uso intensivo de água, há também questões relacionadas
à proximidade dos blocos exploratórios a conjuntos significativos de
territórios tradicionais, indígenas, quilombolas e campesinos.
“Estas populações não foram consultadas sobre a instalação destes
empreendimentos em seus territórios, agravando os conflitos
socioambientais que já existem devido à cadeia de petróleo e gás”, disse
Baitelo. Há que se considerar também que a exploração do gás de xisto
permite vazamento do gás metano, colaborando para o aumento das emissões
de gases estufa e contribuindo para o aquecimento global.
O Plano Decenal de Energia publicado prevê o aumento em 40% do gás
natural na matriz energética para abastecer as termelétricas. “O gás
convencional seria mais do que suficiente para abastecer a matriz
nacional e não há a necessidade de investir em fraturamento, uma
tecnologia insegura, desconhecida e que não conta com regulamentação”,
concluiu Baitelo.
Fonte: greenpeace.org.br
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