Produtores familiares dão exemplo de como podem sobreviver sem ameaçar o meio ambiente.
O Pará é o maior produtor de açaí no Brasil, segundo dados da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Grande parte dessa
produção é familiar, onde pequenos produtores participam de todas as
etapas da cadeia, que vai desde a colheita até o armazenamento ou então a
comercialização da fruta in natura. Na Reserva Extrativista Terra
Grande Pracuúba, que recentemente recebeu a visita do Mutirão Bolsa
Verde, mais de 50% dos extrativistas e ribeirinhos também vivem da renda
do açaí, produzido a partir de técnicas sustentáveis e manejo adequado
do solo.
O pequeno produtor José Almeida, que vive na Resex Terra Grande
Pracuúba, localizada no perímetro do município paraense de São Sebastião
da Boa Vista, detalha como é o processo produtivo do açaí na
comunidade. “O inverno é, para nós, a época da colheita, daí vamos para o
mato, subimos no açaizal e colhemos os cachos da fruta”, explica.
Depois, a fruta é lavada e armazenada em grandes cestas, produzidas
pelas mulheres que moram na comunidade, ou então é feita a polpa para
posterior comercialização. Porém, grande parte da produção da Resex é
escoada mesmo in natura, para grandes compradores em Santarém e Belém, e
de lá é congelada e enviada para outras cidades brasileiras e exterior.
Positivo
José Almeida, beneficiário do Programa
Bolsa Família e que vive da produção sustentável do açaí, foi
localizado pelo Mutirão Bolsa Verde para também tronar-se beneficiário
da iniciativa, que remunera com R$ 300, pago a cada três meses, famílias
que vivem em áreas de conservação ambiental. O pequeno produtor tem
consciência que produzir para preservar gera bons frutos para a
comunidade e para o meio ambiente. “Todos aqui na nossa comunidade sabem
que não podemos derrubar a floresta, assim de uma vez, temos que
explorar tudo de positivo que nos é oferecido de forma sustentável”.
Para ele, “manter a floresta em pé” garantirá frutos de açaí por
gerações.
José Cordeiro, outro pequeno produtor de açaí também localizado pelo
Mutirão Bolsa Verde na Resex Terra Grande Pracuúba explica quais podem
ser os benefícios de aderir ao Programa Bolsa Verde. “No verão, quando
não temos safra de açaí, precisamos achar outras alternativas de renda,
pois é o período que os pés de açaí estão em desenvolvimento”. Para ele,
o benefício será um diferencial para esse período, onde grande parte
dos pequenos produtores exploram a roça para plantio de mandioca e
outras raízes e legumes, para subsistência. “Tenho um pequeno pedaço de
terra que também é minha sobrevivência, além do açaí”.
Mutirão
O Mutirão Bolsa Verde no Pará é uma iniciativa liderada pelos
Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome (MDS), pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) e pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e pretende
ampliar a cobertura do Programa Bolsa Verde na Amazônia. A expectativa é
incluir mais de 30 mil famílias por meio do Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), mecanismo que busca
beneficiários de programas sociais diretamente em suas comunidades.
O Bolsa Verde remunera com R$ 300,
pago a cada três meses, famílias que vivem em áreas de preservação
ambiental, como Unidades de Conservação de Uso Sustentável geridas pelo
(ICMBio), Projetos de Assentamento Federais geridos pelo (Incra) e áreas
ocupadas por comunidades ribeirinhas sob a gestão da Secretaria do
Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(SPU/MPA).
O mutirão, já em andamento desde 17 de julho, prevê a saída
simultânea de vários barcos que partirão em busca das comunidades
paraenses, em diferentes etapas, para atender os municípios da região de
Santarém, Marajó, Salgado Paraense, Porto de Moz, Gurupá, Afuá, Baixo
Tocantins e Soure. Durante as visitas às comunidades, a equipe do
governo esclarecerá dúvidas e orientará para o ingresso de beneficiários
em potencial ao Programa Bolsa Verde, por meio da inclusão da família
no CadÚnico. Também serão oferecidos serviços de emissão de documentos
de identidade, CPF e carteira de trabalho pelo Programa Nacional de
Documentação do Trabalhador Rural.
Bolsa Verde
O Programa Bolsa Verde foi lançado em setembro de 2011 e já
beneficiou, até hoje, 41.999 famílias extrativistas, assim distribuídas:
* 26.049 de Assentamentos da Reforma Agrária (62,02%)
* 13.611 famílias de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (32,40%)
* 2.339 de áreas de ribeirinhos reconhecidas pela Secretaria de Patrimônio da União (5,58%)
Desse total, 23.179 famílias estão localizadas no Estado do Pará,
4.913 no Amazonas, 3.992 na Bahia, 1.839 em Minas Gerais, 1.443 no Acre,
1.419 em Tocantins, 1.230 no Maranhão, 336 no Amapá, 743 em Goiás, 444
na Paraíba, 425 em Alagoas, 408 no Paraná, 324 em Pernambuco, 324 no
Piauí, 127 no Ceará, 99 em Rondônia, 91 em Sergipe, 59 no Espírito
Santo, 36 no Rio de Janeiro, nove no Distrito Federal, sete em São
Paulo, uma em Roraima e uma em Santa Catarina.
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