O Brasil não se reconhece como um país minerador, apesar de exportar um volume de minérios maior que a Bolívia e o Peru.
A
maioria da população brasileira não tem a menor noção da quantidade de
minérios ou de grãos que são exportados a preços irrisórios. Não estamos
exportando apenas produtos, mas recursos naturais e, principalmente,
água. Ao associar a República da Banana com a República do Minério o
Brasil aprofunda a “vocação” como o maior país exportador de produtos
primários. Melhor, como o país mais explorado em suas e riquezas
naturais.
O Brasil não se reconhece como um país minerador, apesar
de exportar um volume de minérios maior que a Bolívia e o Peru. O Plano
Nacional de Mineração identifica que o “segmento da mineração é o mais
dinâmico nessa nova etapa, com crescimento médio anual de 10%, devido à
intensidade das exportações”. A sociedade só reserva da mineração uma
lembrança histórica dos séculos XVII e XVIII.
O senso comum
comprou a ideia que o Brasil é o “celeiro do mundo”. Que a vocação
nacional é a agricultura. A monocultura do café, da República Velha,
imprimiu uma visão de mundo dos coronéis que ainda está em vigor na vida
social e política da Nação. Os modernos ciclos agrários, com o retorno
da cultura do açúcar/etanol e o da soja, a velha ideologia se travestiu e
se apresenta no discurso dos ruralistas com o nome de agronegócio ou
agribusiness.
A pauta de exportação brasileira, mesmo
diversificada, ainda se concentra em grãos e minérios. O ferro, por
exemplo, representa cerca de 90% dos bens minerais exportados. Assim, a
“vocação” de país exportador de bens primários vai sendo degradando as
terras férteis e impactando sobre todas as dimensões da vida das
comunidades locais e regionais.
Lúcio Flávio Pinto afirma que a
Serra de Carajás poderá ser consumida em 80 anos. O trem de Carajás faz
24 viagens de ida e volta entre a mina de Carajás e o porto da Ponta da
Madeira, no litoral do Maranhão, com 300 vagões, que transporta por dia
“576 mil toneladas do melhor minério de ferro do mundo, com pureza de
mais de 65% de hematita, sem igual na crosta terrestre”
(http://www.justicanostrilhos.org/nota/1084).
Favorecidas pela
invisibilidade as grandes empresas multinacionais e multilatinas, como a
Vale, prosseguem exportando montanhas de minérios, em especial para a
China, e afetando a vida das comunidades. Para facilitar esse saque
legalizado a e a Advocacia Geral da União (AGU) publica uma portaria
(303), que retira os direitos dos povos indígenas em dispor livremente
do uso e dos benefícios de suas terras e o Congresso Nacional aprova um
Código Florestal que estimula o desmatamento.
Essas medidas são
uma série de procedimentos jurídicos e legislativos que compõem um
mosaico de leis que flexibilizam a exploração predatória do solo e do
subsolo nacional. Nã
o importa que no inciso XI, do art. 20, da Constituição Federal, esteja escrito que nas terras ocupadas pelos índios são asseguradas a “participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território (…)”. Ou que o § 2º, do art. 231, garanta que as “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”. Como disse Getúlio Vargas, “Lei! Ora a Lei!”.
o importa que no inciso XI, do art. 20, da Constituição Federal, esteja escrito que nas terras ocupadas pelos índios são asseguradas a “participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território (…)”. Ou que o § 2º, do art. 231, garanta que as “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”. Como disse Getúlio Vargas, “Lei! Ora a Lei!”.
Os povos indígenas estão sobre o solo e o pragmatismo
capitalista exige que a área seja desobstruída. É, por isso, que o povo
Guajajara interditou o quilômetro 289 da Estrada de Ferro Carajás a 340
quilômetros de São Luís/MA. Esse povo, que é parte original da
identidade brasileira, não está somente protestando contra a Portaria
303, da AGU, mas porque também sofrem os impactos negativos da Estrada
de Ferro Carajás e da exportação de minérios.
Apesar dessas
resistências sociais e políticas grande parte da população continua
repetindo que o Brasil é um país agrícola. Com vocação agrícola. Que
somos o celeiro do mundo.
Enquanto se olham para as monoculturas de grãos não veem as montanhas de minérios desaparecendo sobre os trilhos de Carajás.
Fonte: CarbonoBrasil.
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