Para pormos em curso outro tipo de Grande
Transformação que nos devolva a sociedade com mercado e elimine a deletéria
sociedade unicamente de mercado, precisamos fazer algumas travessias
improrrogáveis. A maioria delas está em
curso, mas elas precisam ser reforçadas. Importa passar:
- do paradigma Império, vigente há seculos para o paradigma Comunidade da
Terra;
- de uma sociedade industrialista que depreda os
bens naturais e tensiona as relações sociais para uma sociedade de sustentação
de toda a vida;
- da Terra tida como meio de produção e balcão de
recursos sujeitos à venda e à exploração para a Terra como um Ente vivo, chamado
Gaia, Pacha Mama ou Mãe Terra;
- da era tecnozoica que devastou grande parte da
biosfera para a era ecozoica pela qual todos os saberes e atividades se ecologizam e juntas cooperam na salvaguarda
da vida.
- da lógica da competição de se reger pelo
ganha-perde e que opõe as pessoas para a lógica da cooperação do ganha-ganha que
congrega e fortalece a solidariedade entre todos.
- do capital material, sempre limitado e exaurível,
para o capital espiritual e humano ilimitado feito de amor, solidariedade,
respeito, compaixão e de uma confraternização com todos os seres da comunidade
de vida;
- de uma sociedade antropocêntrica, separada da
natureza, para uma sociedade biocentrada que se sente parte da natureza e busca
ajustar seu comportamento à logica do processo cosmogênico que se caracteriza
pela sinergia, pela interdependência de
todos com todos e pela cooperação.
Se é perigosa a Grande Transformação da sociedade
de mercado, mais promissora ainda é a Grande
Transformação da consciência. Triunfa aquele conjunto de visões, valores
e princípios que mais congregam pessoas e melhor projetam um horizonte de
esperança para todos. Essa seguramente é a Grande Transformação das mentes e dos
corações a que se refere a Carta da Terra. Esperamos que se consolide, ganhe
mais e mais espaços de consciência com
práticas alternativas até assumir a hegemonia da nossa história.
Há um documento acima citado, a
Carta da Terra, por seu alto
valor de inspiração e gerador de
esperança. Ela é fruto de uma vasta
consulta dos mais distintos setores das sociedades mundiais, desde os povos
originários, das tradições religiosas e espirituais até de notáveis centros de
pesquisa. Foi animada especialmente por Michail Gorbachev, Steven Rockfeller, o
ex-primeiro-ministro da Holanda Lubbers, Maurice Strong, subsecretário da ONU e
Mirian Vilela, brasileira que, desde o início, coordena os trabalhos e dirige o
Centro na Costa Rica. Eu memo faço parte do grupo e tenho colaborado na redação
do documento final e de sua difusão por onde posso.
Depois de oito anos de intensos trabalhos e de
encontros frequentes nos vários continentes, surgiu um documento pequeno mas
denso que incorpora o melhor da nova visão nascida das ciências da Terra e da
vida, especialmente da cosmologia contemporânea. Ai se traçam
princípios e se elaboram valores no arco de uma visão holística da ecologia, que
podem efetivamente apontar um caminho promissor para a humanidade presente e
futura. Aprovado em 2001, foi assumido oficialmente em 2003 pela Unesco como um
dos materiais educativos mais inspiradores
do novo milênio.
A Hidrelétrica Itaipu-Binacional, a maior do gênero
no mundo, tomou a sério as propostas da Carta da Terra, e seus dois diretores
Jorge Samek e Nelton Friedrich conseguiram envolver 29 municípios que bordeiam o
grande lago onde vive cerca de um milhão de pessoas. Deram início de fato a uma
Grande Transformação. Lá se realiza efetivamente a sustentabilidade e se aplica
o cuidado e a responsabilidade coletiva em todos os municípios e em todos os
âmbitos, mostrando que, mesmo dentro da velha ordem, se pode gestar o novo
porque as pessoas mesmas vivem já agora o que querem para os
outros.
Se concretizarmos o sonho da Terra, esta não será
mais condenada a ser para a maioria da humanidade um vale de lágrimas e uma
via-sacra de padecimentos. Ela pode ser transformada numa montanha de
bem-aventuranças, possíveis à nossa sofrida existência e uma pequena antecipação
da transfiguração do Tabor.
Para que isso ocorra, não basta sonhar, mas
importa praticar.
CEPRO –
Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda
Casimiro de Abreu , n° 292, 3º andar, sala 02 - Bairro Nova Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22) 2771-8256 e Cel 9807-3974
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com/
Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Rio das Ostras
Tel.: (22) 2771-8256 e Cel 9807-3974
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com/
Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário