Da Agência Brasil
A acessibilidade para pessoas com
deficiência é o tema do seminário Rio Cidade Acessível a Todos, que
ocorre até o fim da tarde de hoje (15) e é realizado pelo Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ). Especialistas das áreas
jurídica e de arquitetura e urbanismo debatem o tem sob diversos
aspectos, inclusive a preparação para as Olimpíadas de 2016 e
Paralimpíadas. Entre os painéis em discussão estão “Acessibilidade,
Legislação e Normas Técnicas”, “O Desenho Universal como Política
Pública nos Grandes Eventos: Há Legado?” e “O Desenho Universal como
Valor nos Projetos Urbanos e Arquitetônicos”.
Para o presidente
do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU-RJ),
Sydnei Menezes, nem sempre grandes obras se preocupam e com a questão da
acessibilidade. "É incrível que as vezes nos deparamos com grandes
obras, grandes iniciativas importantes que não levam ou não levaram em
consideração o princípio de acessibilidade. Então é muito comum,
lamentavelmente no Brasil, a gente ver que obras principalmente
públicas, não levaram em consideração a acessibilidade e aí, por força
de lei, por força de uma atuação inclusive profissional da arquitetura e
urbanismo, voltadas aos princípios da arquitetura, acaba exigindo que
haja uma intervenção em obras já concluídas", contou.
Sydnei
Menezes acrescentou que o conceito da acessibilidade é básico e deve ser
considerado pelos profissionais do setor. "A boa arquitetura parte da
premissa de que você deve utilizar sempre o conceito da ventilação
natural, o conceito da insolação e o conceito do posicionamento com
relação a terreno. Eu incluiria a questão da acessibilidade nesses
conceitos e princípios da arquitetura, porque é uma coisa tão óbvia, tão
normal, tão necessária e tão importante que não precisaria ter uma
regra, uma lei que obrigasse a instalação de itens de acessibilidade",
disse.
O Rio de Janeiro recebeu, em junho e julho, jogos da Copa
do Mundo e em 2016 vai sediar os jogos Olímpicos e Paralímpicos. Mesmo
com a preparação para receber turistas não só do Brasil, mas do mundo
todo, o presidente do CAU disse que os princípios de acessibilidade só
foram implementados no estádio do Maracanã e no entorno, e não foram
incorporados ao restante da cidade. Para Menezes, a oportunidade que o
Rio vai ter com os Jogos Olímpicos, deve ser aproveitada e estendida
para toda cidade.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ)
pretende antecipar eventuais problemas que ocorram durante as Olimpíadas
e, para o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de
Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência, promotor Luiz
Cláudio Carvalho de Almeida, a Copa do Mundo ensinou muito. "A gente
teve um aprendizado com a Copa do Mundo. A questão da acessibilidade na
cidade do Rio de Janeiro não é diferente da do resto do Brasil, ou seja:
tem muitas construções não acessíveis, a cidade não é acessível e a
gente precisa ter uma estratégia para mudar essa realidade", explicou.
Almeida
contou que com as experiências anteriores, muita coisa tem que ser
melhorada. "Nas situações anteriores o Ministério Público judicializou,
entrou com várias ações, não conseguiu resolver de maneira amigável. A
gente espera que na questão das Olimpíadas seja diferente, que a gente
consiga evoluir através de um diálogo, até porque as normas de
acessibilidade estão aí, são uma realidade", disse.
O advogado
especialista em direito das pessoas com deficiência, Geraldo Nogueira,
que é deficiente físico, acredita que a sociedade está em processo de
transformação, "A gente está em um processo de transformação da
sociedade e a sociedade começa a absorver a ideia de que é preciso se
conscientizar e se adaptar para receber os diferentes". No dia a dia a
gente sempre encontra adaptações, as formas alternativas, até que a
sociedade comece efetivamente a se projetar como uma sociedade acessível
para todos. Infelizmente a Copa do Mundo, comparando com as outras
cidades, não vai deixar nenhum legado para as pessoas com deficiência,
mas a nossa esperança permanece para o futuro das Olimpíadas e
Paralimpíadas que vem aí", contou.
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