Pesquisa publicada na Science afirma, com alta confiança, que
dois terços do degelo ocorrido entre 1991 e 2010 estão relacionados com
as emissões de gases do efeito estufa resultantes da queima de
combustíveis fósseis.
Acompanhar o degelo das geleiras em todo o planeta virou uma das
principais atividades de centenas de climatologistas, geógrafos e outros
especialistas que estudam as mudanças climáticas em andamento.
Trabalhos sobre o tema estão ficando cada vez mais frequentes,
ampliando em muito o nosso conhecimento sobre esse derretimento, que tem
entre suas consequências: o aumento do nível do mar, grandes inundações
repentinas e prejuízos potenciais no fornecimento de água para milhões
de pessoas.
Nesta semana, foi publicado na revista Science mais um desses
estudos, que surpreende ao apontar que a maior parte do degelo recente é
resultado das emissões de gases do efeito estufa da humanidade.
Realizado por pesquisadores austríacos e canadenses, o trabalho
afirma que entre 25% e 35% da perda global de massa nos glaciares
durante o período entre 1851 e 2010 pode ser atribuída a causas
antropogênicas. Essa contribuição foi subindo com o passar do tempo,
chegando a aproximadamente 69% entre 1991 e 2010.
“Encontramos evidências inequívocas de um crescente impacto humano na
perda de massa glacial. Os resultados são consistentes com medições do
equilíbrio de massa das geleiras”, declarou o climatologista Ben
Marzeion, da Universidade de Innsbruck.
Segundo os pesquisadores, as geleiras têm se retraído desde meados do
século XIX, quando a pequena Era do Gelo terminou. Esse processo se
deve tanto a causas naturais, como atividades vulcânicas, quanto a
alterações humanas no clima.
Para
conseguir detectar o quanto o homem seria responsável pelo
derretimento, a equipe utilizou o que há de mais moderno em modelagem
climática e comparou os resultados com medições feitas em campo.
“Podemos colocar inúmeras variáveis no modelo e acompanhar os
resultados. Como temos informações concretas sobre a flutuação solar,
atividades vulcânicas e sobre o próprio degelo, podemos inserir as
variáveis humanas e ver como os resultados se comparam à realidade”,
explicou Marzeion.
“O que concluímos é que, até 1950, a perda de massa das geleiras que
pode ser atribuída às atividades humanas não é significante, mas que
essa porcentagem foi subindo com o passar do tempo. Estamos muito
confiantes de que podemos afirmar agora que o fator humano é hoje
dominante no degelo”, declarou.
Outro autor do trabalho, o geógrafo Graham Cogley, da Universidade de
Trent, destaca que mais uma conclusão importante da pesquisa é a prova
de que o homem está sim alterando o clima.
“Nossos resultados são mais um prego no caixão daqueles que ainda
acreditam que as mudanças climáticas não são nossa culpa. Pessoas que
ainda têm essa visão estão ficando sem lugar para se esconder”, concluiu
Cogley.
É preciso possuir a assinatura da Science para ler o estudo completo, mas o resumo pode ser visto aqui: Attribution of global glacier mass loss to anthropogenic and natural causes.
Com informações da Universidade de Innsbruck.
Fonte: CarbonoBrasil.
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