Abertura da exposição Travessias 3 - Arte Contemporânea na Maré. Na foto, as obras Suicida Alto Astral e Natureza Espiritual da Realidade, de Luiz Zerbini
Obras com qualidade para figurar no acervo de qualquer museu ou
galeria de arte contemporânea do mundo podem ser vistas, gratuitamente,
ao longo dos próximos três meses, em um espaço cultural do Complexo da
Maré - um dos maiores conjuntos de favelas da zona norte do Rio de
Janeiro. Os trabalhos integram a terceira edição da exposição Travessias – Arte Contemporânea na Maré, aberta na tarde de hoje (23), no Galpão Bela Maré, que fica na Nova Holanda, uma das favelas do complexo.
Com
obras inéditas ou de acervo, estão representados na mostra artistas
renomados como o pintor Luiz Zerbini, o escultor Barrão, a multimídia
Dora Longo Bahia, a cineasta Sandra Kogut e o fotógrafo Mauro Restife. A
eles se juntaram os fotógrafos do Imagens do Povo, programa realizado pela ONG Observatório de Favelas, responsável por criar o Galpão Bela Maré e o projeto Travessias.
Além
de integrar criações artísticas de múltiplas linguagens – audiovisual,
pintura, instalação, fotografia, objetos - a proposta do Travessias
é gerar um espaço de diálogo e de circulação democrática de informações
no Complexo da Maré, com participação ativa da população local.
A
organização da mostra coube ao artista plástico carioca Daniel Senise,
que no ano passado havia participado como expositor. “Quando participei,
como artista, pensei: tenho que sair da minha área de conforto e fazer
um trabalho que se comunique com esse lugar, porque expor aqui é
diferente de expor no MAM [Museu de Arte Moderna], por exemplo. Como
organizador, eu pensei em artistas que poderiam fazer o mesmo e também
naqueles cujas obras seriam muito interessantes de serem vistas aqui”,
disse.
Senise ressaltou o fato de que todos os artistas da mostra
vieram antes conhecer a Maré, e alguns criaram seus trabalhos na
própria comunidade, como Mauro Restiffe, o alagoano Jonathas de Andrade,
que vive e trabalha no Recife, e Sandra Kogut. Ela fez um documentário
no qual moradores da Maré dão suas ideias para um filme. Jonathas está
com duas obras na exposição, e uma delas, chamada Alfabetização de Adultos, é inspirada no método de alfabetização do educador Paulo Freire.
Para
Jorge Luís Barbosa, coordenador do Observatório de Favelas, o trabalho
educativo que a ONG faz nas escolas do complexo é fundamental para o
sucesso da mostra, que na edição do ano passado foi vista por 12 mil
pessoas. “Trazendo as crianças para ver a exposição, elas acabam
voltando e trazendo seus pais, irmãos, primos”, destacou. “Queremos que a
comunidade não só vivencie essa experiência, mas também que isso entre
em seu cotidiano, já que algumas obras foram criadas a partir da própria
experiência da favela, para que as pessoas daqui se reconheçam”,
completou.
Ao longo da exposição, que fica em cartaz até 16 de
novembro, haverá no galpão uma série de debates sobre questões não
apenas artísticas, mas também do mundo contemporâneo, com participação
de artistas, acadêmicos, gestores públicos, jornalistas e moradores do
complexo.
A exposição Travessias – Arte Contemporânea na Maré,
que tem patrocínio da Petrobras, pode ser visitada às terças, quartas,
sábados e domingos, das 10h às 18h, e às quintas e sextas, das 10h às
20h. O Galpão Bela Maré fica na Rua Bittencourt Sampaio, 169, com acesso
pela Avenida Brasil, entre as passarelas 9 e 10.
CEPRO –
Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
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Casimiro de Abreu , n° 292, 3º andar, sala 02 - Bairro Nova Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22) 2771-8256 e Cel 9807-3974
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