O governo do Rio inaugurou na segunda-feira, 4 de agosto, em São
Pedro da Aldeia, a primeira usina de tratamento de biogás do estado. O
empreendimento tem a dupla tarefa de fazer o aproveitamento dos resíduos
sólidos da região e fornecer gás para o abastecimento urbano.
Na usina do Aterro Dois Arcos, com um investimento de R$ 18 milhões,
as empresas Osafi e Ecometano transformarão em gás natural 600 toneladas
de lixo produzidas diariamente pelo município e outras sete
localidades.
Ainda tímido no Brasil, o aproveitamento do biogás deve ganhar fôlego
a partir de 31 de outubro, quando acontece o primeiro leilão de energia
de reserva com possibilidade de compra desta fonte. Segundo
especialistas, o potencial de geração com biogás chega a 2 mil megawatts
(MW).
O gás da usina do Aterro Dois Arcos será vendido à distribuidora
local de gás canalizado, movimento que já vem sendo aproveitado por
outras empresas no país. Com o leilão de energia, espera-se um novo
salto, uma vez que garante contratos de longo prazo, que justificam
investimentos—oito empreendimentos foram inscritos para a concorrência.
“O leilão dará segurança de longo prazo aos investidores, pois o
contrato é para fornecimento por 20 anos, o que assegurará uma receita
por um prazo muito maior do que o praticado hoje”, afirmou ao jornal
Brasil Econômico Gabriel Kropsch, sócio da Acesa, empresa que atua há
cinco anos neste mercado, com tecnologia que permite a utilização do
biogás para energia elétrica e como combustível veicular.
Mercado embrionário
Se bem-sucedido, diz Kropch, o leilão vai precificar o valor dessa
fonte de geração, que até o momento não tem preço de referência no
mercado brasileiro. Além disso, segundo ele, os efeitos do leilão serão
sentidos não apenas pelas empresas que produzem energia elétrica a
partir do biogás, mas também por toda a cadeia. “É o caso da nossa
empresa, que é focada na prestação de serviços de transformação de
biogás em biometano e está associada a empreendedores que participarão
do leilão”, exemplificou.
O sócio da área de regulação do Siqueira Castro Advogados, Fernando
Vilella, também é otimista em relação ao mercado de biogás no Brasil. “O
mercado de energia renovável sempre responde bem quando percebe que o
governo está olhando para aquela fonte. Isso aconteceu com a energia
eólica, que já foi muito cara e, depois de incentivada, tornou-se
possível. E já vemos o mesmo fenômeno acontecendo com a energia solar. O
mercado de biogás é ainda embrionário, mas terá o mesmo potencial de se
desenvolver”, compara.
Oferta decrescente
O consultor da Thymos Sami Grynwald concorda com o potencial do
biogás. “Considerando os aterros existentes hoje no Brasil, temos um
potencial de geração que chega de 1,5 a 2 gigawatts médios. E o leilão
fortalece isso. O mercado cativo é um importante vetor de
desenvolvimento do biogás, pois assegura uma receita aos investidores,
reduzindo a necessidade de financiamento”, destaca.
Ao mesmo tempo, disse Grynwald, ainda não é fácil para os
empreendedores inscreverem projetos no leilão porque a oferta de energia
do biogás tem ritmo decrescente. “O biogás tem esse desafio, porque o
combustível vai diminuindo conforme a liberalização de gás é reduzida
com a utilização dos aterros”, explica.
Fonte: EcoD.
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