Há quem afirme que
se trata de intervenção do Estado, um problema a ser combatido por uma
sociedade livre e soberana. Esses mesmos costumam alegar que a liberdade
de expressão é um direito sagrado e não deve sofrer qualquer
interferência governamental.
Isso
pode ser verdade em determinadas circunstâncias, mas quando esse pseudo
“direito” se sobrepõe mesmo a questões de saúde pública, aí merece ser
questionado, ainda mais se essas ações “intervencionistas” visem à
proteção da saúde das nossas crianças.
É exatamente o caso
de dois projetos de lei, os PLs (1096/2011 e 193/2008) aprovados no
final do ano na Assembleia Legislativa de São Paulo. Eles têm o objetivo
de combater a obesidade infantil, um mal que já afeta 30% das crianças e
pode até mesmo ser visto como verdadeira epidemia em nosso país.
O
primeiro deles veta a comercialização de lanches com brindes e o
segundo restringe a publicidade de alimentos não saudáveis direcionada a
crianças.
Os pais conhecem bem essas questões: nossos filhos por
vezes querem ir a lanchonetes conhecidas como fast food, cujos alimentos
possuem baixo nível nutricional e alta presença de açucares e gorduras,
apenas para adquirir um brinquedo.
Já o bombardeio incessante da
publicidade em programas e canais infantis hipnotizam os pequenos para
consumo daqueles biscoitos, doces e salgadinhos. Na hora das refeições
se estabelece uma batalha desigual entre comidas saudáveis e naturais
contra os mágicos pacotes de algo parecido com alimentos, oferecidos
pelos coloridos e estimulantes anúncios da televisão.
Claro que
existem outros fortes fatores contribuintes para o sobrepeso infantil,
tais como o sedentarismo e os videogames, mas os controles propostos nos
dois projetos de lei paulistas serão grandes aliados nessa luta caso
sejam sancionados pelo governador Geraldo Alckmin.
Aliás, para que
isso ocorra, o Instituto Alana, o Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor, a Rede Nossa São Paulo e a Aliança pela Infância entre
outras, lançaram uma petição online para que a população possa
demonstrar seu apoio aos projetos e pressionem o governador paulista a
assina-los até o dia 30 de janeiro. Ela está disponível em português e
em inglês nesse link: http://www.change.org/SancionaAlckmin.
Caso
São Paulo adote essas leis estará em ótima companhia, pois países
europeus como Inglaterra, França e até vizinhos como Chile, além de
cidades norte-americanas como São Francisco possuem leis semelhantes.
Será uma grande inspiração para todo o país também enfrentar com
seriedade o problema da obesidade infantil.
Governador, que tal
começar bem a semana com uma “canetada” em favor de uma vida mais
saudável e sustentável para nossas crianças?
* Reinaldo Canto é
jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e
pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento.
Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi
diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação
do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto
Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, professor em
Gestão Ambiental na FAPPES e palestrante e consultor na área ambiental.
Fonte: Carta Capital.
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