Na próxima sexta-feira (25), o país vai defender suas políticas de
combate à pobreza, como o Brasil sem Miséria e o Bolsa Família, durante a
apresentação de relatório à Organização das Nações Unidas (ONU), em
Genebra (Suíça), sobre a situação dos direitos humanos. De acordo com a
ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, as
políticas sociais têm feito do Brasil um país mais igualitário.
“Um
dos nossos objetivos [em Genebra] é mostrar para o mundo que as
políticas de combate à pobreza no Brasil são de direitos humanos.
Milhões de brasileiros superaram uma das principais violações de
direitos humanos da contemporaneidade, que é viver em condições de
pobreza e extrema pobreza”, disse a ministra à Agência Brasil.
O
documento, elaborado pelas autoridades brasileiras e encaminhado ao Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, avalia as
políticas implementadas na área e reúne as ações promovidas pelo governo
em 26 áreas. Há referências à inclusão social, à proteção à livre
orientação sexual e religiosa, ao combate ao trabalho escravo e
infantil, ao estímulo à reforma agrária e à garantia dos direitos dos
povos indígenas.
No relatório, o governo apresenta os resultados
do esforço de cumprir as 15 recomendações da ONU e dois compromissos
voluntários que garantem a proteção dos direitos humanos. Todos os 193
países-membros das Nações Unidas são submetidos ao mecanismo a cada
quatro anos e meio, o que representa uma inovação do sistema
internacional de proteção dos direitos humanos. O relatório faz um
balanço das medidas tomadas entre abril de 2008 e dezembro de 2011.
Outro
ponto que será destacado é o fortalecimento dos instrumentos
democráticos no país, como a implementação da Lei de Acesso à Informação
e a instalação da Comissão da Verdade. “Sem democracia, não existem
direitos humanos. Na apresentação do relatório, vou destacar que a
Comissão da Verdade não terá intervenção do governo. A presidenta Dilma
considera a Comissão da Verdade uma comissão de Estado, que está em um
patamar diferenciado e tem autonomia”.
Os desafios do Brasil na
área de direitos humanos também serão relatados à ONU. Para Maria do
Rosário, os problemas que envolvem o sistema penitenciário brasileiro,
como a superlotação e as torturas, ainda são os que mais desafiam o
governo. Atualmente, o país tem 306 mil vagas para uma população
carcerária de 514,5 mil presos, sendo que desses, 173 mil são
provisórios. “Temos metas a serem alcançadas até 2014. A primeira delas é
eliminar o déficit de vagas no sistema carcerário. A segunda é reduzir
consideravelmente a quantidade de presos em delegacias e distritos
policiais”, disse.
A federalização de crimes de direitos humanos
também está entre os assuntos desafiadores, pois, segundo a ministra, as
investigações e os processos nessa área têm sido lentos. Apenas o caso
do assassinato do defensor de direitos humanos Manoel Matos, na Paraíba,
foi federalizado. “Gostaríamos de ter uma resposta mais efetiva, mas
dependemos das investigações”.
Para ela, existe uma cultura
policial que ainda trata esses crimes de forma inadequada. “As polícias
estaduais ainda são o nosso grande desafio. A Polícia Federal tem um
núcleo de direitos humanos e a Polícia Rodoviária Federal está atenta à
questão da exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas”.
O
documento, denominado 2º Relatório Nacional do Estado Brasileiro,
apresentado no Mecanismo de Revisão Periódico Universal do Conselho de
Direitos Humanos das Nações Unidas – 2012, pode ser lido na íntegra nosite da
Secretaria de Direitos Humanos. “O mecanismo é importante não apenas
porque nos dirigimos ao conselho de direitos humanos das Nações Unidas,
mas ao nosso próprio país. É um processo que nos fortalece para fazermos
o que deve ser feito dentro do Brasil”, acrescentou a ministra.
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